Manifestações em Copacabana e Paulista reúnem milhares contra o “PL da Anistia/Dosimetria” e defendem prisão de condenados por tentativa de golpe; Chico Buarque, Caetano, Gil e outros artistas sobem ao palco
Milhares de pessoas ocuparam a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e a Avenida Paulista, em São Paulo, em manifestações contra o PL da Anistia, ou da “dosimetria”, com shows de artistas como Chico Buarque, Paulinho da Viola, Caetano Veloso e Chico César, entre outros.
As manifestações, convocadas por movimentos sociais e partidos políticos foram realizadas em dezenas de cidades brasileiras. Centenas de milhares de pessoas participaram dos atos desde a manhã do domingo (14), como em Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Natal (RN), Recife (PE) e Brasília.
No Rio o ato contou com uma intensa participação de artistas. Chico Buarque cantou a música “Vai Passar”, que, lançada em 1984, foi símbolo da redemocratização do país após duas décadas sob a ditadura militar. A atriz vencedora do Oscar com “Ainda Estou Aqui” Fernanda Torres cantou junto de Chico em cima do caminhão de som.
Também subiram para cantar no caminhão de som e se manifestar contra a impunidade Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Lenine, Emicida, Baco Exu do Blues, Moreno Veloso e Xamã.
Os atos foram convocados depois que a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que pode diminuir para dois anos o tempo de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros condenados pela tentativa de golpe de Estado.
No Rio, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que o Brasil não aceita “nenhum alívio, nenhum perdão, nenhuma anistia disfarçada de dosimetria para quem tentou golpear a democracia brasileira”.
“Esse ato está dirigido ao Senado Federal. O Brasil inteiro tem que se dirigir ao Senado, onde podemos derrotar a dosimetria”, continuou.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), defendeu a cassação de parlamentares condenados que fugiram do país para não pagar por seus crimes, como Carla Zambelli e Alexandre Ramagem (PL-RJ), e de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que articulou com os Estados Unidos sanções contra o Brasil.
“Não dá para aceitar uma bancada de deputados foragidos. O Eduardo Bolsonaro, Ramagem, Carla Zambelli… Hugo Motta tem que cumprir a decisão judicial e cassar a Carla Zambelli”, falou.
O ex-deputado e atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo, avalia que a chamada dosimetria “é uma vergonha” feita para salvar “condenados por formação de quadrilha, por tentar dar um golpe, por planejar a morte do presidente, do vice-presidente e de um juiz da Suprema Corte”.
O deputado Glauber Braga (PSol-RJ), que sofreu, por parte dos dirigentes da Câmara, uma tentativa de cassação de seu mandato, agradeceu a solidariedade e disse que “não podemos parar de lutar contra o que está acontecendo no Brasil, a tentativa golpista de fechamento de regime”.
Em São Paulo, os manifestantes começaram a se reunir na Avenida Paulista às 14h. Chico César e a cantora Zélia Duncan fizeram shows para os presentes.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSol), comentou que “a rua voltou a ser decisiva para os rumos políticos do Brasil”, lembrando que a PEC da Blindagem foi enterrada após fortes manifestações em todo o país.
Para ele, “a dosimetria não é nada menos do que uma anistia envergonhada, porque não tinham força para aprovar a anistia que querem. A gente não quer saber de anistia sem vergonha e nem de anistia envergonhada. Queremos que ela seja barrada. Golpista bom é golpista preso”.

Orlando Silva (PCdoB-SP), deputado federal, afirmou que em 2026 será preciso construir uma “nova maioria política” que não fique restrita à esquerda. “Que nós tenhamos capacidade de conversar, baixar a guarda para conversar francamente com a família, no bairro, na igreja”.
O parlamentar ainda citou a retirada de parte das taxas impostas pelos EUA contra o Brasil, o que chamou de “pedido de arrego” de Donald Trump a Lula. “Acabou essa história de atacar as instituições do Brasil. O Lula mostrou qual é o caminho: resiliência, resistência, força, confiança no povo, fé na democracia e capacidade de luta”.
Gustavo Petta (PCdoB), vereador de Campinas, destacou que “foram as ruas que derrotaram a PEC da Blindagem. Novamente as ruas estão tomadas porque a maioria dos deputados aprovou a dosimetria, que é a anistia repaginada e a celebração da impunidade para os criminosos que atentaram contra a democracia”.
Veja o ato musical no Rio de Janeiro:
Veja imagens dos atos nas capitais:
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
SALVADOR
BRASÍLIA
BELO HORIZONTE
RECIFE
JOÃO PESSOA
NATAL
FLORIANÓPOLIS











