
Os ministros das Relações Exteriores dos países membros do BRICS destacaram, em reunião no Rio de Janeiro, a importância do uso das moedas locais no comércio entre eles, deixando de usar o dólar, e rechaçaram a retomada dos ataques de Israel contra a população de Gaza.
O governo do Brasil, que preside o BRICS, divulgou uma declaração relatando as discussões feitas entre os chanceleres na reunião, que ocorreu entre segunda e terça-feira (28 e 29).
Os chanceleres “destacaram a importância do uso ampliado de moedas locais nas compensações comerciais e financeiras entre países membros do BRICS e seus parceiros comerciais”, diz o comunicado.
Essa iniciativa foi tratada na reunião dos chefes do BRICS em Kazan, na Rússia. Dando continuidade ao debate, o comunicado diz que os governos deverão “continuar a apreciação da questão das moedas locais e plataformas”, além de estudar “a viabilidade da iniciativa de Pagamentos Transfronteiriços do BRICS, BRICS Clear e o reforço da capacidade de resseguro do BRICS”.
Ao fortalecer as relações econômicas entre esses países e enfraquecer o poder do dólar no mercado mundial, o uso das moedas locais incomoda profundamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já ameaçou aplicar mais taxas contra os países que deixarem de usar o dólar.
Os países membros do BRICS “reafirmaram seu compromisso de fortalecer a estrutura da Parceria Estratégica do BRICS sobre os três pilares da cooperação – política e segurança, economia e finanças, e intercâmbio cultural e da sociedade civil”.
Na reunião, os ministros também demonstraram “grande preocupação com a situação no Território Palestino Ocupado, com a retomada dos ataques israelenses contra Gaza e com a obstrução da entrada de ajuda humanitária no território”.
“Eles lamentaram o colapso do cessar-fogo anunciado em 15 de janeiro e instaram as partes a cumprir integralmente seus termos”. O comunicado ainda diz que Israel e o Hamas devem negociar para buscar a paz, a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza e a libertação de todos os presos e reféns.
Os 11 países membros, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, reforçaram seu compromisso contra as medidas unilaterais, como as tomadas por Donald Trump, que prejudicam as relações comerciais.
O encontro terminou sem uma declaração conjunta.
O comunicado lançado pelo Brasil ressalta que os países “condenaram tentativas unilaterais de minar o trabalho das instituições multilaterais globais e prejudicar a implementação de seus respectivos mandatos, inclusive por meio da retenção de contribuições obrigatórias”,
Também concordam sobre uma reforma da governança global “por meio da promoção de um sistema internacional e multilateral mais justo”, com mais participação de países em desenvolvimento e de países menos desenvolvidos.