
Ministros da Agricultura dos países do bloco visam fortalecer o combate à fome
Em reunião realizada no Brasil, ministros da Agricultura de 11 países integrantes do BRICS (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) decidiram, no último dia 17 de abril, criar um mecanismo autônomo de formação de preços de produtos agrícolas, o que significa enfraquecer o mecanismo que atualmente dita a determinação a formação desses preços pelos Estados Unidos e a Europa.
O ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, conduziu a abertura da Reunião no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Os ministros da Agricultura do BRICS discutiram e apoiaram a iniciativa da Associação dos Exportadores do Grãos da Rússia de criar uma bolsa de grãos entre os países da organização. Atualmente esses preços são determinados em bolsas da Europa e a de Chicago, nos Estados Unidos.
“Reconhecemos a importância de desenvolver ainda mais a iniciativa de criar uma bolsa de comércio de grãos dentro da estrutura do BRICS e seu desenvolvimento subsequente, bem como sua extensão a outros produtos e bens agrícolas e a introdução de um sistema de comércio justo”, diz a declaração conjunta emitida após a reunião dos ministros, realizada em Brasília.

O atual e poderoso mecanismo de formação de preços agrícolas foi estabelecido após a Segunda Guerra Mundial, no qual os preços e as negociações de commodities, mesmo para nações do BRICS, são ditados por instituições ocidentais, como a Bolsa de Mercadorias de Chicago, e cotadas em dólar. O objetivo é quebrar essa contradição criando mecanismos alternativos de preços e cadeias de suprimentos para o Sul Global.
“Todos os índices de ações são formados nos EUA ou na Europa, em Paris. Qual é a quantidade de grãos que os franceses produzem? Suponho que menos do que nós. E tradicionalmente, os índices de ações são formados lá”, afirmou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no ano passado, ao questionar o domínio do dólar nas transações comerciais entre os países do BRICS.
De acordo com a Associação dos Exportadores do Grãos da Rússia, os países do BRICS produzem mais de 1 bilhão de toneladas de grãos por ano – o que equivale a 40% da produção global: “China, Índia, Rússia e Brasil estão entre os cinco maiores produtores de grãos do mundo. Além disso, a Rússia fornece de 20 a 25% do comércio mundial de trigo, o mesmo acontecendo com os suprimentos de milho do Brasil”, diz a nota.
“A China não é apenas um grande produtor de grãos, mas também o maior importador de trigo. Levando em consideração a entrada esperada de novos países membros no BRICS, em particular, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia, a influência do BRICS no mercado mundial de grãos crescerá ainda mais”, complementa a nota, divulgada pelos ministros da Agricultura.
O ministro Carlos Fávaro destacou que o bloco tem a responsabilidade de liderar uma agenda internacional voltada à produção sustentável de alimentos, à justiça social no campo e à inovação tecnológica adaptada às realidades do Sul Global.
“O futuro da agricultura está diretamente ligado à capacidade de nossos países de inovar com equidade, produzir com responsabilidade e cooperar com confiança”, destacou Fávaro. “O BRICS tem uma responsabilidade crescente na arquitetura da segurança alimentar mundial. Somos líderes na produção de grãos, carnes, fertilizantes e fibras”, completou.