
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, declarou na abertura da reunião de chanceleres do BRICS que o grupo é fundamental “para promover a paz e a estabilidade baseadas no diálogo, no desenvolvimento e na cooperação multilateral”.
A reunião de chanceleres está ocorrendo no Palácio do Itamaraty, escritório de representação do Ministério das Relações Exteriores do Rio de Janeiro.
Na avaliação de Mauro Vieira, o papel dos BRICS diante do crescimento de guerras, de deslocamentos forçados e da crise climática, se torna mais evidente porque “os mecanismos internacionais permanecem lentos, politizados e, às vezes, paralisados diante de necessidades urgentes”.
“A expansão do BRICS fortaleceu nossa plataforma para responder a esses desafios. Com onze estados-membros representando quase metade da humanidade e uma ampla diversidade geográfica e cultural, o BRICS está em uma posição única para promover a paz e a estabilidade baseadas no diálogo, no desenvolvimento e na cooperação multilateral”, continuou o ministro.
Para ele, a paz “deve se basear na inclusão, no respeito ao direito internacional e na igualdade soberana dos Estados. O BRICS, como grupo, reconhece os interesses estratégicos e os legítimos interesses econômicos e de segurança de cada membro, tanto em suas respectivas regiões quanto em todo o mundo”.
“Isso faz parte da nossa contribuição para uma distribuição justa de poder nos assuntos globais, condição para que a paz, o desenvolvimento e a sustentabilidade sejam alcançados. Defendemos a diplomacia em vez do confronto e a cooperação em vez do unilateralismo”, destacou.
“Esta reunião acontece em um momento em que nosso papel como grupo é mais vital do que nunca. Enfrentamos crises globais e regionais convergentes, com emergências humanitárias, conflitos armados, instabilidade política e a erosão do multilateralismo. Essas crises desafiam os próprios fundamentos da paz e da segurança internacionais e exigem um compromisso renovado com a ação coletiva”, disse Mauro Vieira.
PALESTINA
Em seu discurso, Vieira manifestou “profunda preocupação” com a “retomada dos bombardeios israelenses em Gaza e a obstrução contínua da ajuda humanitária são inaceitáveis. O colapso do cessar-fogo anunciado em 15 de janeiro é deplorável”.
“É necessário assegurar a retirada total das forças israelenses de Gaza, assegurar a libertação de todos os reféns e detidos e garantir a entrada de assistência humanitária”, disse. O chanceler reafirmou que o Brasil defende a solução de dois Estados.
Ele ainda falou sobre a guerra entre a Rússia e Ucrânia, que tem “pesado impacto humanitário”, apontando para “a necessidade urgente de uma solução diplomática que defenda os princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas”.
“O BRICS deve continuar a defender um sistema humanitário global neutro, despolitizado e genuinamente universal”, assinalou.
“O caminho para a paz não é fácil nem linear. Mas o BRICS pode e deve ser uma força para o bem, não como um bloco de confronto, mas como uma coalizão de cooperação. Devemos liderar pelo exemplo, reafirmando nossa crença em um mundo multipolar onde a segurança não é privilégio de poucos, mas um direito de todos”.