“Com a incorporação dos novos países, o BRICS passará a reunir 36% do PIB mundial e 46% da população”, ressalta governo brasileiro ao saudar a incorporação
A cúpula dos BRICS (bloco inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) foi encerrada em Joanesburgo, na madrugada desta quinta-feira (24), com a incorporação, a partir de 1º de janeiro de 2024, de seis novos países: Argentina, Irã, Arábia Saudita, Etiópia, Egito e Emirados Árabes Unidos. Ao final da cúpula, na cidade sul-africana, os membros também aprovaram uma resolução para estudar a criação de uma nova moeda de pagamento comum em contraposição à moeda estadunidense.
Com a significativa incorporação, ressaltou o governo brasileiro, “os BRICS passarão a representar 36% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 46% da população”. A “relevância” do bloco, acrescentou o presidente Lula, “é confirmada pelo crescente interesse demonstrado por outros países em ingressar no grupo”.
Ao todo, 67 países manifestaram interesse em aderir à organização, que visa se contrapor à hegemonia do G7 (conformado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) nos assuntos mundiais, informou o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. O líder africano informou que, desses, 22 já solicitaram formalmente sua adesão ao bloco, incluindo Argélia, Bangladesh, Bielorússia, Cuba, Marrocos, Nigéria e Venezuela. Sobre o peso da iniciativa, basta ver que a participação se sobrepõe à do G7 no PIB mundial, que é de 33%.
Na declaração final, os países do Brics manifestaram sua posição em defesa de uma reforma das Nações Unidas, a fim de tornar a instituição mais “democrática, representativa, efetiva e eficiente”. Entre as medidas adotadas, propõem, o aumento da “representação dos países em desenvolvimento na composição do conselho para que ele possa responder adequadamente aos desafios predominantes globais”.
O documento também manifesta apoio às “aspirações legítimas de países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, inclusive Brasil, Índia e África do Sul, de desempenharem um papel maior nos assuntos internacionais, particularmente nas Nações Unidos, inclusive no Conselho de Segurança”.
CHINA: “TORNAR A GOVERNANÇA GLOBAL MAIS JUSTA E EQUITATIVA”
O presidente de China, Xi Jinping, destacou a relevância da decisão que “permite que mais países se juntem à família BRICS para reunir sabedoria e esforços para tornar a governança global mais justa e equitativa”. Xi lembrou também que, além de uma nova moeda comum, os países do BRICS concordaram em lançar um grupo de estudo sobre inteligência artificial e expandir ainda mais a cooperação nesta matéria, incluindo o fortalecimento da partilha de informações e da cooperação técnica.
“Nossa diversidade fortalece a luta por uma nova ordem, que acomoda a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21”, frisou o presidente Lula, fazendo uma deferência especial aos “nossos irmãos da Argentina”. Com uma política industrial, reforçou, o país vizinho “tem que crescer junto conosco, que temos poder de compra”.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que “fazer parte dos BRICS nos fortalece em relações fecundas, autônomas e diversificadas” e considerou que ser membro desta aliança “abre um novo cenário para o país, que passa a ser protagonista de um destino comum num bloco que representa quase metade da população mundial”. “É um objetivo coerente com a nossa busca de projetar o nosso país como um interlocutor chave e um potencial articulador de consensos em colaboração com outras nações. A Argentina foi, é e será um país integracionista”, apontou.
Ao final desta quinta-feira, o líder brasileiro embarcará para Luanda (Angola). O presidente encerra sua viagem ao continente africano no domingo, após participar de um encontro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa