Por paridade de poder de compra, BRICS representam 31,5% do PIB global, contra 30% do G7. 19 países pleiteiam ingresso no BRICS
“Em termos de PIB em paridade de poder de compra, os BRICS agora pesam mais que o G7. Eles representam 31,5% [do PIB global] e o G7, 30%”, assinalou o embaixador sul-africano junto ao bloco, Anil Sooklal, ao portal Sputnik.
A expectativa é que “até 2030, os BRICS representem 50% do PIB global”, acrescentou Sooklal. O que explica – apontou – que os BRICS atraiam “cada vez mais países emergentes que aspiram à criação de uma ordem mundial multipolar”. Os BRICS foram cortejados por todos os lados nos últimos meses, com 19 países tentados a aderir.
O PIB por paridade de poder de compra (PPC) permite estabelecer o tamanho de uma economia em função de bens e serviços que é capaz de adquirir internamente, comparado com o que igual cesta de bens e serviços poderia adquirir em dólares nos EUA.
Por esse critério, desde 2017 a China tem o maior PIB do mundo, ou seja, uma economia maior do que a dos EUA, sendo que, agora, isso também se estendeu à comparação BRICS vs G7.
Assim, ao se somar os PIBs do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul por paridade de poder de compra, se chega a um valor maior do que o PIB do G7, constituído pelos EUA, Grã Bretanha, Alemanha, Japão, França, Canadá e Itália.
O interesse no BRICS, para Sooklal, se deve ao posicionamento do grupo, que muitos países do sul global consideram ser um campeão mundial multipolar. A cúpula do BRICS vai ocorrer em agosto, na África do Sul.
À medida que o conflito na Ucrânia reorganiza as cartas geopolíticas, essas nações emergentes esperam que os BRICS possam ajudá-las a proteger sua soberania contra a interferência do Norte Global. O grupo dos cinco (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) vai assim ao encontro da aspiração por uma arquitetura política, financeira e comercial global mais justa.
“Os países do Sul Global não são tratados como iguais pelos países do Norte Global, que querem continuar dominando e estabelecendo sua hegemonia global. Esses países do Sul Global querem exercer sua independência, sua soberania. BRICS como o fórum mais responsivo, mais alinhado com suas aspirações de criar uma comunidade global mais equitativa, inclusiva e justa”, afirmou.
Sooklal disse ainda que os BRICS também contam com o seu Novo Banco do Desenvolvimento, uma instituição bancária destinada a servir de contrapeso ao FMI e ao Banco Mundial. É também uma forma de registrar uma primeira forma de expansão, talvez antes de novas adesões no próprio grupo, sublinha a embaixadora sul-africana.
De acordo com o diplomata, “treze países pediram formalmente para aderir” – entre esses, Arábia Saudita, Argentina, Indonésia, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Egito e Irã. “Outros seis pediram informalmente”, acrescentando que “estamos recebendo inscrições para participar todos os dias”. Em 2 e 3 de junho, o BRICS reunirá seus ministros das Relações Exteriores, para avançarem na preparação da cúpula.
“O que estamos tratando agora é definir as modalidades de expansão. Admitimos novos países como membros plenos ou criamos países parceiros ou outras categorias? Através do Novo Banco de Desenvolvimento, já admitimos novos parceiros: Uruguai, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bangladesh, então a expansão da instituição financeira do BRICS já aconteceu”, afirmou.
Entre os principais objetivos do BRICS, a desdolarização tem sido bastante mencionada nos últimos meses, segundo a Sputnik. O grupo gostaria, portanto, que surgisse uma nova moeda de reserva global, processo que talvez passe primeiro por uma cesta de moedas dos cinco países. A ideia de criar um sistema de pagamentos bancários alternativo ao SWIFT também vem sendo mencionada frequentemente.