
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) recomendou novamente que a população da cidade, epicentro do coronavírus no Brasil, não dê ouvidos ao que Jair Bolsonaro diz. “Se as pessoas forem seguir os conselhos do presidente, que não têm nenhuma base científica, a situação em São Paulo vai explodir como em Milão”, alertou o prefeito da capital paulista.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, Bruno Covas reiterou a necessidade urgente da quarentena e isolamento social a todos os que não compõem o grupo de trabalhadores que exercem função em serviços essenciais, que fiquem em casa para evitar uma tragédia.
Para o prefeito de São Paulo, a postura de Bolsonaro frente à pandemia do novo coronavírus “tem atrapalhado”. “Fazemos aqui o que apontam os médicos, cientistas e pesquisadores. Você sabe o que significa em meu currículo, como prefeito, fechar o parque do Ibirapuera, um cartão postal da cidade? As falas do presidente confundem. Há confusão dentro do próprio governo dele, o presidente fala uma coisa, ministro fala outra. Ele deveria reforçar a importância das pessoas colaborarem com o isolamento social”, disse Covas.
MILÃO
Covas alertou que se as pessoas resolverem seguir os conselhos de Bolsonaro, haverá sobrecarga nos hospitais.
Como tem insistido Bolsonaro, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, logo nos primeiros dias da epidemia na Itália, defendeu que não houvesse isolamento da população e, após o número de mortes alcançar mais de 4 mil pessoas, pediu desculpas publicamente.
Bruno Covas defendeu que o presidente Bolsonaro faça o mesmo. “Giuseppe Sala reconheceu o seu erro ao apoiar uma iniciativa do setor privado em apoiar a campanha de que Milão não deveria parar. A lição de humildade do prefeito é de reconhecer os erros e eu espero que o presidente Jair Bolsonaro reconheça o seu erro de estimular as pessoas a saírem de casa”, avaliou o prefeito paulistano, que passou a viver na Prefeitura junto com seu filho de 14 anos, desde o início da crise em São Paulo.