BTG, do banqueiro que defende juros a 15% e cortes para os pobres, lucra R$ 4,54 bi

André Esteves, dono do BTG Pactual (Foto: Chris Ratcliffe - Getty Images - AFP)

No terceiro trimestre. Um aumento de 41,4% sobre o lucro no mesmo trimestre do ano passado

Os lucros do BTG Pactual no terceiro trimestre de 2025 foram de R$ R$ 4,54 bilhões, o que representa um aumento de 41,4% sobre o lucro no mesmo trimestre do ano passado.

A receita total foi de R$ 8,82 bilhões, representando um aumento de 37% em relação ao ano anterior. Recorde para ambos índices. Os obesos resultados vieram acima ainda das expectativas de mercado, como aquelas que esperavam R$ 4,02 bilhões de lucros e R$ 8,08 bilhões de receitas.

O retorno ajustado anualizado sobre o patrimônio líquido médio, indicador de rentabilidade do banco, alcançou 28,1%, ante 27,1% no trimestre anterior e 23,5% um ano antes.

Disputando a terceira ou quarta colocação entre os maiores bancos privados do país seus lucros somados aos R$ 22,10 bilhões do Itaú, Bradesco e Santander alcançam a extraordinária soma de R$ 26,64 bilhões no trimestre. Enquanto isso o restante da economia sofre significativa desaceleração, ocasionada pela política monetária do Banco Central (BC) ao manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, referenciando para cima todas as taxas já muito altas dos empréstimos feitos pelos bancos.

Grande beneficiário da política do BC, o banqueiro André Esteves, um dos principais sócios do BTG Pactual, diante do miserável salário mínimo que o país tem, menor inclusive do que o do Paraguai, assim como da sua média salarial, foi desinibido em declarar que “estamos com desemprego zero, o que é uma benesse, e ainda assim temos uma política de salário mínimo com reajuste real, que é algo questionável”.

Disse ser favorável ao Bolsa Família, mas fez questão de ressaltar que ‘rede de proteção social do Brasil ficou maior do que a da França e da Noruega” defendendo que o programa sofra cortes no seu orçamento, desconhecendo as diferenças econômicas e sociais entre esses países. Exatamente por conta da melhor situação do mercado de trabalho 2 milhões de famílias deixaram de receber o Bolsa Família entre janeiro e outubro deste ano. Um exemplo da importância da proteção social para a quebra do ciclo da pobreza.

Como se as aposentadorias não fossem uma miséria, deixando idosos a “pão e água’, foi capaz de dizer que “o sujeito no Brasil que está aposentado tem um ganho de produtividade de 2,5% todo ano sem fazer nada”. As falas foram feitas no Global Investors’ Symposium São Paulo 2025, evento do Milken Institute realizado em São Paulo na segunda-feira (10).

Disse, ainda, achar que os juros estão muito altos, mas defendeu a política de manter a Selic aos 15% ao ano. “O Banco Central segue um script. Ele é quase um AI agente [agente de IA]. Você dá os insumos e ele define a taxa de juros”.

Ao mesmo tempo defendendo que esses “insumos” sejam um arrocho fiscal de 2% do orçamento da União, “que não seria difícil de fazer”. Achatando salários, aposentadorias, cortando Bolsa Família e outras verbas sociais, sem nenhuma palavra sobre as estratosféricas despesas de juros que o Tesouro Nacional se vê obrigado a pagar pelas altas taxas de juros que o BC estabelece, para alegria de Esteves e do rentismo em  geral.

O Brasil queimou R$ 946,5 bilhões, quase um trilhão, com juros nos últimos 12 meses, algo como o orçamento de seis anos do Bolsa Família.

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