Novo governo de Burkina Faso anuncia a nacionalização de duas minas de ouro do país
Duas minas de ouro de Burkina Faso, país da região africana do Sahel, serão nacionalizadas como resultado de acordo firmado entre o governo do país e as empresas Endeavour Mining e Lilium Mining, envolvidas em um processo de arbitragem sobre atraso em pagamentos.
O conflito com as duas empresas começou quando a Lilium Mining adquiriu os direitos de mineração das minas Wahgnion e Boungou, em Burkina Faso. A Endeavour acusou a Lilium de atrasar em US$ 100 milhões em pagamentos devidos, enquanto a Lilium se defendeu acusando a Endeavour de mentir sobre a capacidade operacional e financeira das duas minas.
Com o acordo entre Burkina Faso e as empresas de mineração, o governo pagará à Endeavour US$ 60 milhões e royalties de 3% em até 400 mil onças de ouro produzido na mina de Wahgnion, encerrando a disputa legal entre as empresas e nacionalizando as minas de ouro.
“Ambos as partes gostariam de agradecer ao governo de Burkina Faso por seus esforços de mediação,” comunicou a Endeavour Mining. A empresa de mineração ainda opera em Burkina Faso, no Senegal e na Costa do Marfim. A Lilium Mining recusou-se a comentar.
Países africanos ricos em recursos naturais vêm passando por uma onda de nacionalizações. Países, muitos sob o comando de governos recentes, estão percebendo a necessidade de ter maior controle de seus ativos naturais em um processo de retomada da luta anticolonial.
Em junho deste ano, o governo da Nigéria revogou a licença de mineração da estatal francesa Orano, na mina de Imouraren, uma das maiores minas na extração de urânio.
Os países africanos, particularmente os que estão sob os novos governos na região do Sahel, assumem a necessidade de manter maior controle de seus recursos naturais como único caminho para o desenvolvimento de suas nações. Além do controle estatal possibilitar evitar maiores crises de desastre ambiental e coibir exploração predatória, como tem sido o costume de países ocidentais na África.