Instituto solicita hoje à Anvisa o pedido para início dos testes da vacina em voluntários. Expectativa é de produzir 40 milhões de doses do imunizante até julho
O Instituto Butantan anunciou, sexta-feira (26), o desenvolvimento da vacina ButanVac, imunizante 100% brasileiro contra o coronavírus, e que irá solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para iniciar os estudos clínicos de fase 1 e 2 em voluntários.
“Vacina do Brasil é fruto do trabalho da luta e da perseverança”, disse o governador João Doria (PSDB), durante entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira na sede do Instituto. “É um momento de profunda esperança para nós,” continuou Doria.
“Estamos diante de uma tragédia, de uma pandemia. Nós temos que superar a burocracia em nome da vida. Uma dose de esperança para os brasileiros”, ressaltou o governador.
A expectativa do Butantan é iniciar os testes da ButanVac, como foi batizado o imunizante, ainda em abril e, em seguida, será iniciada a produção em larga escala. O Instituto pretende fabricar 40 milhões de doses do imunizante até julho.
“Protocolaremos esse material ainda hoje e vamos dialogar intensamente com a Anvisa para que ela perceba a importância da autorização do início desses estudos clínicos o mais rapidamente possível, para que possamos em um mês e meio, dois meses e meio, terminar essa fase de avaliação clínica e iniciar a produção”, disse o presidente do Butantan, Dimas Covas.
A Butanvac já passou pelos testes pré-clínicos, nos quais são avaliados em animais efeitos positivos e toxicidade. O imunizante também será testado em dois outros países participantes do consórcio: Vietnã e Tailândia – neste último, a fase 1 já começou.
O Instituto informou que a Butanvac é desenvolvida para garantir o combate da variante P1 do coronavírus, identificada pela primeira vez em Manaus e que já está disseminada em todo o território nacional. Além de neutralizar a variação brasileira do vírus, Dimas Covas disse que o Butantan poderá adaptar o imunizante.
De acordo com Dimas Covas, a nova vacina poderá imunizar a população com apenas uma dose. “É uma possibilidade. O fato de você ter uma melhor resposta imunológica permite utilizar apenas uma dose”.
Durante as fases 1 e 2 de desenvolvimento, 1.800 voluntários devem tomar a Butanvac. Na fase 3, até 9 mil pessoas irão participar – etapa que vai estipular a eficácia da nova fórmula.
Segundo Dimas Covas, a Butanvac começou a ser desenvolvida há exatamente um ano, em 26 de março de 2020. O imunizante foi criado a partir de matéria-prima totalmente brasileira e a mesma tecnologia usada na vacina da gripe.
O Instituto de Vacinas e Biologia Médica (IVAC), do Vietnã, e o Government Pharmaceutical Organization (GPO), da Tailândia, também serão parceiros na produção. 85% do controle de produção é nacional, com os 15% restantes divididos entre os outros países do consórcio. A expectativa inicial é de produzir 100 milhões de doses da ButanVac por ano nos laboratórios do Instituto.
Além de ser usada no Brasil, o foco da vacina é chegar em países de renda baixa ou média, segundo Covas.
O Instituto Butantan ressaltou que o desenvolvimento da vacina brasileira não vai atrapalhar a distribuição da Coronavac. O imunizante já teve mais de 22 milhões de doses distribuídas no país e foi a primeira vacina contra a covid-19 a ser aplicada em massa no Brasil.
A Coronavac é feita pelo Instituto Butantan em parceria com a China. O órgão de pesquisa brasileiro realiza a fabricação da vacina no Brasil e recebe os insumos necessários do país asiático.
Além de ser desenvolvida com tecnologia do Butantan, a ButanVac também deve contar com fabricação 100% nacional, o que pode acelerar a criação e distribuição do imunizante. Atualmente, o instituto também trabalha para nacionalizar a produção da CoronaVac, que será feita em uma nova fábrica no Brasil a partir do segundo semestre.
Veja a coletiva de lançamento da ButanVac: