Sem acordo com o Instituto Butantan, a compra de 54 milhões de doses da CoronaVac pelo Ministério da Saúde (MS) ainda não está confirmada, disse o presidente do instituto, Dimas Covas.
O principal entrave para a assinatura do contrato que prevê a aquisição das doses do imunizante contra a Covid-19 está no fato do Ministério ter alterado cláusulas contratuais na última hora, afirmou Covas em entrevista ao GloboNews, na última sexta-feira (12). “Hoje chegou uma versão modificada do contrato e, portanto, fizemos chegar ao Ministério que não assinaremos”, disse.
Covas não detalhou quais foram as mudanças, mas se disse temeroso de que os imbróglios do MS atrasem ainda mais a vacinação no país. O diretor do Instituto Butantan garantiu, contudo, que a falta de acordo com o Ministério da Saúde não vai paralisar a produção de doses.
Após pressão para que o Ministério da Saúde respondesse pelo atrasado plano nacional de imunização e garantisse a distribuição de doses, o secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, anunciou que seria exercido o direito de aquisição e que mais 54 milhões de doses do imunizante produzido pelo Butantan em parceria com a fábrica chinesa SinoVac seriam compradas.
O ministério tem contrato fechado com o instituto para recebimento de 46 milhões de doses até 30 de abril. Com o novo plano de aquisição, o valor chegaria a 100 milhões de doses.
Enquanto o número de mortos pela Covid-19 bate recordes diários, o governo federal e a Anvisa ignoram a urgência da vacinação e não avançam nem em negociações com outros laboratórios, nem na autorização de outros imunizantes.
Atualmente, 90% das vacinas que estão sendo aplicadas são do Butantan – que não tem condições de, sozinho, garantir a produção de doses necessárias para frear a epidemia no país.
“Nos aproximamos de 30 dias do início da vacinação com perspectiva de alcançar apenas 3% da população brasileira vacinada”, criticou o governador do Piauí, Estado que, assim como outros, já atrasa o cronograma de vacinação por falta de doses.
“Neste ritmo, o plano do governo de vacinar até junho 50% da população não vai se concretizar. Seguindo nesta lentidão, o Brasil deve chegar a cerca de 20% da população vacinada”, avaliou.