Preso e condenado em ações penais da Operação Lava-Jato, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (2007-2014) criticou o governo de seu sucessor, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e disse não ter qualquer responsabilidade quanto à crise financeira vivida pelo Estado nos últimos anos.
“Essa crise não é minha”, declarou o peemedebista em interrogatório na 7ª Vara Federal Criminal conduzido pelo juiz Marcelo Bretas, responsável em primeira instância pelas ações da força-tarefa no Rio.
Cabral citou a frase atribuída ao ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros (1901-1969) ao dizer que não era igual ao político paulista, “que rouba, mas faz”. E disse que não houve superfaturamento nas obras da reforma do Maracanã que deixou concluída. “O Maracanã, desde 1950, não sofria uma reforma digna, uma reforma decente. O que eu desejava era a realização das obras, que o estádio estivesse pronto para os jogos. Em relação à escolha das empresas, não participei”, esquivou-se Cabral.
Depois da afirmação, o ex-governador direcionou críticas à atual gestão do Estado, comandada pelo seu antigo vice e aliado, Pezão. “Se o Maracanã está mambembe, não (está) funcionando direito, é problema do atual governo. Se não foi feito o que deveria ter sido feito, o problema não foi meu”, afirmou Cabral na tentativa de sair pela tangente.
Questionado sobre o motivo de ser chamado de “chefe” pelos empresários, em provas encontradas pelo Ministério Público Federal (MPF), Cabral respondeu que “era um hábito dessa turma para puxar o saco de políticos”. Cabral também desqualificou os depoimentos de colaboradores que o acusaram de receber propina e os chamou de mentirosos.
“Um tá combinando com o outro para falar, porque aí pode fugir da linha de colaboração”, disse o ex-governador. Cabral chegou a chamar os delatores de “dedos-duros”, o que irritou Bretas. “Você pode dizer que o colaborador é um dedo-duro fora daqui, mas no processo estão fazendo uma gravação, então é bom manter um comportamento”, disse o juiz.