O depoimento do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB/MDB), foi um desrespeito ao Judiciário e ao povo brasileiro. Foi muita encenação, e muito grosseira, na audiência da sexta-feira (8) para o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal no Rio de Janeiro.
Sem esquecer das lorotas que ele disse, como falar que usou “dinheiro de campanha para fins pessoais”, como se toda a propina que movimentou fosse uma mera doação eleitoral. “Doação” movimentada por doleiros, enviada para o exterior e depositada em contas secretas. E uma pequena parte para fins pessoais. “A promiscuidade (de doações) foi muito grande. Foi nessa promiscuidade que eu me perdi”, disse. Uma coisa ele reconhece, mesmo se traindo: que as doações eram “promíscuas”, não tinham nada de eleitoral, eram propinas mesmo.
“Eu nunca pedi a um empresário que incluísse um porcentual qualquer em nenhuma obra ou serviço do meu governo. Garanto isso ao senhor, falo em nome dos meus filhos e do neto que conheci essa semana”, afirmou. Usar os filhos e o neto como avalistas de uma farsa dessas só evidencia a degeneração do ex-governador.
Segundo ele, não soube se “conter diante de tanto poder e tanta força política e, de uma maneira vaidosa, querer fazer (no sentido de eleger) prefeitos nas cidades, vereadores e deputados”, afirmou. “Era muito dinheiro sim. Em vez de ficar concentrado no meu governo, nas minhas realizações… o poder é algo tão perigoso”, concluiu.
As realizações de Cabral estão à vista de toda a população do Rio de Janeiro: insegurança e violência, atraso nos salários dos servidores, calamidade na saúde e na educação, transporte ruim, habitação pior ainda. Sem falar na corrupção…
Cabral está preso desde 17 de novembro de 2016 e já está condenado a mais de cem anos de prisão por liderar o esquema de corrupção no Estado do Rio. No processo em relação ao qual depôs, Cabral é acusado de ocultar e lavar dinheiro no exterior. Também respondem a esse processo o ex-secretário estadual Wilson Carlos e dois ex-assessores de Cabral, Carlos Miranda e Sérgio de Castro Oliveira, além dos doleiros Renato e Marcelo Chebar. Foram os doleiros que contaram, em colaboração premiada, ter movimento mais de US$ 100 milhões de Cabral fora do país, dinheiro que já foi repatriado.
O Ministério Público Federal (MPF) denuncia a quadrilha de Cabral por ocultar e lavar também outros R$ 40 milhões, guardados no Brasil, e quase R$ 10 milhões ocultados em joias.
Cabral é aliado de Lula, há muito tempo. Lula foi testemunha de defesa do ex-governador nesta semana. Aqui. No Rio de Janeiro, em pré-campanha eleitoral, Lula atacou a Lava Jato e defendeu Sérgio Cabral. “O Rio de Janeiro não merece que governadores eleitos democraticamente estejam presos porque roubaram dinheiro público”, disse Lula (ver vídeos abaixo).
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