O ex-governador Sérgio Cabral (MDB) fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF).
Ele está preso há três anos por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Suas penas já somam quase 268 anos, das 12 condenações nas 31 ações penais vinculadas à Lava Jato a que responde.
Em um dos seus primeiros interrogatórios como réu confesso, ele afirmou ao juiz federal Marcelo Bretas que teve “que atender presidente da República para beneficiar certas pessoas”, sem dizer a qual presidente se referia.
Cabral também disse que foi “achacado” por deputados federais e senadores, além de ter feito “tratos” com ministros do Superior Tribunal de Justiça(STJ) e Tribunal de Contas da União (TCU).
O ex-governador citou os casos ao afirmar que a propina que recebia deixou de ser enviada ao exterior em 2012 para ser distribuída no país.
“O dinheiro a partir de 2012 deixa de ir para o exterior e passa a ser usado aqui. Fui achacado por parlamentares federais, tive que fazer tratos com ministros do STJ e TCU”, afirmou o emedebista em abril.
Em 2012, o ex-governador Anthony Garotinho divulgou em seu blog fotos do caso que ficou conhecido como “farra dos guardanapos”, em que confraterniza com empresários com contratos no governo do Rio e secretários em um hotel de luxo em Paris.
O acordo de delação teve parecer contrário do procurador-geral da República, Augusto Aras. O acordo será analisado pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A negociação da delação de Cabral começou no início deste ano. Ele recorreu à PF após seu pedido ter sido recusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Para que a PF aceitasse o acordo, Sérgio Cabral teve que admitir que R$ 380 milhões apreendidos pela Lava Jato são seus. A “devolução” consta da proposta de delação assinada por sua defesa e a PF. O valor – entre dinheiro e bens – é resultado das várias operações da Lava Jato fluminense nos últimos 3 anos.
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