Cacique Raoni rebate Bolsonaro: “Ele não é liderança”

Cacique Raoni em encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia - Foto: Ag/Câmara

O líder caiapó Raoni Metuktire rebateu os ataques feitos por Bolsonaro durante discurso na Assembleia Geral da ONU. “O Bolsonaro falou que não sou uma liderança. Ele que não é liderança e tem que sair”, afirmou o líder indígena, de 89 anos, reconhecido internacionalmente pela luta em defesa dos direitos dos povos tradicionais e do meio-ambiente.

Em seu discurso, Bolsonaro classificou o cacique Raoni como “peça de manobra” que é usado por estrangeiros interessados em “avançar seus interesses na Amazônia”.

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O líder indígena foi recebido pelos parlamentares na Câmara dos Deputados na quarta-feira (25) durante uma reunião do Fórum em Defesa da Amazônia.

Em entrevista na Câmara, o cacique reafirmou a sua luta pela preservação do meio ambiente e que não procura ofender ninguém.

“Eu volto a repetir que minha fala é para o bem-viver, minha fala é tranquila. Não ofendo ninguém, que todo mundo viva com saúde, com tranquilidade. A minha luta é pela preservação do meio ambiente. Hoje todo mundo está voltando os olhos para a destruição do meio ambiente e o trabalho é para fortalecer e preservar o meio ambiente para todos”, afirmou o líder indígena.

CÂMARA

Em encontro com o cacique Raoni e deputados ligados à causa ambientalista e indigenista, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), garantiu que não vai pautar no Plenário da Casa projetos propostos pelos bolsonaristas que flexibilizem mineração em terra indígena ou permitam a ampliação da atuação de madeireiras na região amazônica.

Raoni foi levado ao presidente da Câmara por líderes da oposição – Foto: Alessandro Dantas

“Nossa intenção é que a gente possa construir projetos que sinalizem aos brasileiros e ao mundo a nossa preocupação com o meio ambiente”, disse o presidente da Câmara.

O líder indígena também foi defendido pelos deputados que participaram do encontro.

A líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), destacou a importância do ato. “Essa é a primeira manifestação pública do cacique Raoni depois do desastre diplomático e político do Bolsonaro na ONU. É importante que o Parlamento o acolha como uma representação autêntica dos povos indígenas. Não reconhecemos lideranças que não representam de fato os povos indígenas. Raoni constrói sua luta há anos”, apontou.

“Essa é a mais clara demonstração de que o Congresso pensa exatamente o contrário do que disse o presidente da República. O cacique Raoni é motivo de orgulho no mundo inteiro e para todos nós”, afirmou o líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).

O deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) destacou que as declarações de Bolsonaro sobre o cacique Raoni ocorrem num momento em que os ataques às áreas indígenas estão se intensificando. “Ontem, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou estudo que mostra aumento de 20% de assassinatos de lideranças indígenas. Que direito o presidente da República tem em incitar o ódio, dividir os povos e convidar essa turma criminosa de grileiros e desmatadores para destruir a Amazônia?”, disse.

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