Alta de 32,3% na comparação com o mesmo período do ano passado não justifica aumento de juros como defende o BC, alerta ministro do Trabalho. “Tem é muita gente ainda desempregada no país”, declarou Marinho
Em julho de 2024, o Brasil gerou mais 188 mil empregos com carteira assinada, o melhor resultado para o mês desde 2022, informou o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nesta quarta-feira (28). Frente a 2023, o resultado corresponde a uma alta de 32,3%.
No sétimo mês de 2024, ao todo, foram registradas 2.187.633 admissões e 1.999.612 desligamentos, o que gera um saldo de 188.021 postos de trabalho formais, segundo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo CAGED).
Já o estoque, que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos, contabilizou 47.009.489 vínculos em julho, o que representa uma variação de +0,40% em relação ao estoque do mês anterior.
Já no acumulado do ano (janeiro a julho), foram criados 1.492.214 empregos, resultado de 15.345.479 admissões e 13.853.265 desligamentos. O resultado representa uma alta de 27,3% na comparação com os sete meses de 2023, quando foram criadas 1,17 milhão de vagas com carteira assinada. Este também é o melhor resultado para este intervalo de meses desde 2022, época em que foram criados 1,61 milhão de postos.
Serviços (+79.167 postos) e a Indústria(+49.471 postos) – destaque para Indústria de Transformação (+45.803 postos) -, foram as categorias econômicas que mais criaram postos de trabalho em julho. Mas também houve geração de empregos pelo Comércio (+33.003 postos); Construção (+19.694 postos) e Agropecuária (+6.688 postos).
Ao celebrar os dados positivos do trabalho formal em julho, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que há muita gente ainda desempregada no país e, diante disso, “falar em aumento de juros no Brasil seria uma grande irresponsabilidade”, criticou.
“Já falei isso outros meses, mas quero reforçar, com muito mais ênfase… Os juros no Brasil é o segundo mais alto do mundo. Não é simplesmente um juro alto, é o segundo mais alto do mundo”, lembrou o ministro.
Marinho também ressaltou que “inflação não se controla só por restrição de crédito e aumento de juros”. “Tecnicamente, os juros trazem um efeito colateral danoso para o orçamento público e inibe investimentos”, disse. “Nós estamos precisando de investimentos”, observou.
A fala do ministro veio em confronto às declarações feitas no dia de hoje pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que afirmou que o resultado do IPCA-15 não dá “conforto” para o Banco Central, que “vai fazer o que for preciso para atingir a meta”, ou seja, elevar os juros.
“A nossa massa salarial [está] subindo bastante. Essa parte de emprego [está] bastante aquecida. Tentamos sempre traduzir o que isso significa em termos de inflação”, declarou Campos Neto.
Em agosto, o IPCA-15 (prévia da inflação) variou em alta de 0,19%, uma taxa menor do que o verificado em julho (0,30%), o que significa que houve uma desaceleração na inflação.
Na avaliação do ministro do trabalho, o Banco Central deveria buscar “controlar a inflação pela oferta” e “não por restrição de demanda”.
“Se em um processo de crescimento da massa salarial a partir do crescimento da geração de empregos, é preciso estimular que os atores privados façam investimento, ampliem produção. Ampliem as ofertas para controlar a inflação e, não simplesmente, controlar a inflação por restrição. Parece que eles [os diretores do BC] aprenderam só uma coisa na escola onde eles passaram. Isso é uma aberração econômica na minha visão”, criticou o ministro do Trabalho.
Para Luiz Marinho, a indicação de que a inflação segue em baixa e controlada no Brasil, “é mais uma razão para não se falar de aumento de juros”. “Muito pelo contrário, tem que falar de redução de juros para estimular mais investimentos, para estimular mais geração de empregos”, defendeu.
“Tem é muita gente ainda desempregada no país”, alertou. “Você tem nichos que estão com um indicador muito baixo de desemprego, que pode ser considerado pleno emprego, mas na grande maioria não”, comentou Luiz Marinho, ao defender que “o Brasil vive um bom momento e nós temos que aproveitar o bom momento, estimulando o privado a investir mais”.