A safra de cereais, leguminosas e oleaginosas deverá atingir 225,8 milhões de toneladas este ano. O resultado é 6,2% menor do que o obtido em 2017, de 240,6 milhões de toneladas, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na terça-feira (11). A área a ser colhida foi calculada em 61 milhões de hectares, redução de 159,8 mil hectares em relação a 2017.
A queda de 6,2% na produção refere-se à redução de diversos produtos, e entre as exceções está a soja – principal produto de exportação do agronegócio, livre de impostos e de pagamento da Previdência Social – que teve um crescimento de 1,6% em relação ao ano anterior. No total, o país colheu 116,8 milhões de toneladas, segundo o IBGE.
De acordo ainda outro estudo, o da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o crescimento da produção da soja será maior: 4,6% em relação a temporada anterior, alcançando 119,3 milhões de toneladas na safra 2017/18.
A diferença, provavelmente por questão de metodologia, não muda o fato: enquanto cresce a produção – e consequente exportação de soja – cai o conjunto da produção de alimentos voltados para o mercado interno, como é o caso do arroz, feijão, batata, cebola, laranja, mandioca (o leitor pode verificar aqui o estudo).
Como dito acima, o setor – predominantemente controlado por empresas estrangeiras – é o que mais tem sido beneficiado por renúncias fiscais. Essa foi a base da política dos governos do PT/PMDB nos últimos anos para a área da agricultura, e o resultado tem sido desastroso. Somente em 2017, foram R$ 26,2 bilhões em isenções de impostos.
Ao mesmo tempo que é reduzida a produção para o consumo interno, a exportação cresce. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a estimativa é que o país feche a temporada 2017/18 com exportações recordes de soja. Em junho, as exportações cresceram 13% na comparação anual. Segundo a secretaria, foram embarcadas 10,42 milhões de toneladas em junho contra pouco mais de 9 milhões um ano antes. Em abril, a exportação foi ainda maior, de 12,35 milhões de toneladas.
Para se ter uma ideia do que isso representa no conjunto, basta observar que o arroz, o milho e a soja representaram 92,8% da estimativa da produção e responderam por 87,0% da área a ser colhida. No entanto, apenas a soja cresceu.
Em relação a 2017, houve acréscimo de 2,6% na área da soja e reduções de 8,0% na plantação do milho e de 5,8% na área de arroz. Quanto à produção, ocorreram reduções de 18,6% para o milho, de 5,3% para o arroz e aumento de 1,6% para a soja.
Vejamos agora a variação do conjunto dos principais produtos, segundo o IBGE:
Com as reavaliações de agosto, o feijão em grão deve ser colhido em uma safra de 3,3 milhões de toneladas, 1,3% menor que a do ano passado.
A 1ª safra de feijão foi estimada em 1,6 milhão de toneladas, queda de 0,3% em relação à estimativa de julho. A colheita está praticamente concluída e houve reduções da produção em todas as regiões do país.
A 2ª safra foi estimada em 1,1 milhão de toneladas, recuo de 1,5% em relação ao mês anterior. Houve redução de 1,6% na área a ser colhida e aumento de 0,1% no rendimento médio. Na passagem de julho para agosto, houve declínio de 18,1 mil toneladas na estimativa da produção do feijão.
A produção de tomate deve ficar em 4,4 milhões de toneladas em agosto, redução de 1,6% em relação a julho. A área plantada e a área a ser colhida apresentaram retração de 1,9%.
Em relação a 2017, a produção de tomate apresentou redução de 0,2%, em função da retração de 1,4% na área plantada e de 1,3% na área a ser colhida.
Houve aumento na estimativa para a produção de trigo em grão na atual safra de 5,9 milhões de toneladas, aumento de 8,2% em relação ao mês anterior.
A estimativa da produção de uva alcançou 1,4 milhão de toneladas, crescimento de 4,2% em relação ao mês anterior. O rendimento médio, de 19.981 kg/ha, aumentou 5,5%.
O problema do agronegócio é o agronegócio em si ou é a produção ser voltada para o mercado externo?