
Queda no consumo das famílias e arrocho monetário afetam confiança do empresariado industrial
A Indústria segue permanecendo com falta de confiança em relação à economia, segundo uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta terça-feira (18). Em março deste ano, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) ficou em 49,2 pontos. Quando o indicador está abaixo dos 50 pontos, significa que há falta de confiança pelo setor. Esse é o terceiro mês consecutivo que o índice alerta pessimismo pelo lado da indústria brasileira.
“O resultado do PIB do 4º trimestre indicou perda de ritmo da atividade econômica, inclusive um pouco mais forte do que o esperado para o período. Isso coloca o empresário em uma situação de desconfiança e de receio. Esse movimento se observa, por exemplo, com a queda do consumo das famílias na passagem do 3º para o 4º trimestre, o que não acontecia há alguns períodos”, disse a especialista em Políticas e Indústria da CNI, Claudia Perdigão.
“Espera-se que 2025 seja, de modo geral, um ano de atividade mais fraca em relação a 2024. Ainda estamos sentindo o efeito de uma política monetária restritiva e isso deve continuar nos próximos períodos”, ressaltou a especialista.
No último trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,2%, ficando abaixo do registrado no terceiro trimestre do mesmo ano (0,7%), conforme dados do IBGE. No primeiro e no segundo trimestre de 2024, o PIB foi de 1% e de 1,4%, respectivamente.
O resultado do PIB do último trimestre de 2024 veio principalmente pelo baixo desempenho da indústria (0,3%) e Serviços (0,1%), que apresentaram variação positiva próximas de zero no período. Do lado da demanda, o consumo das famílias recuou em -1%, os investimentos (medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo) cresceram apenas 0,4%, enquanto o consumo do governo variou em alta de 0,6%.
A descrença do setor industrial cresce com a desaceleração econômica, que o país voltou a presenciar a partir do quarto trimestre de 2024, como efeito da retomada do ciclo de aumentos dos juros (Selic) pelo Banco Central (BC).
Nesta terça-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deu início às discussões que definirão o novo patamar da taxa Selic — atualmente fixada em 13,25% ao ano — para os próximos 45 dias. Há pressão dos bancos para um novo aumento de 1 ponto percentual no nível da Selic, o que colocaria a taxa em 14,25% ao ano.
O Índice de Condições Atuais caiu 44,4 pontos para 44 pontos na passagem de fevereiro para março. O indicador saiu dos 37,0 pontos, em fevereiro, para 36,06 pontos – distanciando-se em quase 14 pontos da linha divisória que separa confiança de falta de confiança (50 pontos).
Na pesquisa, a CNI consultou 1.189 empresas: 455 de pequeno porte; 450 de médio porte; e 284 de grande porte, entre os dias 6 e 12 de março de 2025.