Moraes questionou a versão e perguntou por que, então, ele seguiu dirigindo o GSI nessa condição. Sem nada a dizer, a defesa deu meia volta e mudou a narrativa. Disse que só agora ele está com problemas cognitivos
A defesa do general golpista Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), enviou esclarecimentos ao Supremo Tribunal Federal (STF) retificando informações sobre o estado de saúde do militar. Inicialmente difundiu-se a notícia de que ele já seria portador de Alzheimer desde 2018. Ou seja, quando da trama golpista, ele já estaria, segundo essa versão, sem suas faculdades mentais em ordem.
Moraes questionou como Heleno pôde chefiar o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) entre 2019 e 2022 sendo portador da doença, ressaltando que não foram anexados aos autos documentos médicos contemporâneos a esse período. O ministro exigiu a apresentação do exame inicial de 2018, além de todos os prontuários, laudos e prescrições médicas desde então, e questionou se o diagnóstico foi comunicado aos serviços de saúde da Presidência da República enquanto o réu exercia o cargo de ministro de Estado.
Com esta atitude, Alexandre de Moraes revelou que não engoliu a narrativa que visava obter regalias ao condenado. Como Moraes cobrou comprovações médicas que embasassem a nova versão, a defesa de Augusto Heleno começou a mudar a narrativa em questão. Em resposta à solicitação do ministro do Supremo, o advogado Matheus Milanez informou que o diagnóstico de Alzheimer de Heleno data do início de 2025 e não de 2018. A informação foi divulgada pela CNN e, posteriormente, confirmada pela TV Globo.
De acordo com a nova versão enviada pelos defensores ao STF, os exames de Alzheimer teriam sido realizados em 2024 e não em 2018. “A defesa técnica reitera que em nenhum momento alegou que o requerente [Heleno] teria sido diagnosticado com a doença de Alzheimer em 2018. Assim sendo, não há exames a colacionar referentes a tal doença entre os anos de 2018 e 2023, eis que os exames específicos foram realizados em 2024 e o diagnóstico foi fechado somente em janeiro de 2025”, afirmou a defesa.
O general Heleno, que foi chefe de gabinete de outro conhecido golpista, o general Sílvio Frota, e é neto do capitão-de-fragata Augusto Heleno Pereira, responsável pela condenação, em 1912, de João Cândido, o Almirante Negro, e dos demais rebeldes da Revolta da Chibata, foi preso na última terça-feira (25) pelo Exército e Pela Polícia Federal, após a sua condenação “transitar em julgado”, ou seja, se tornar definitiva. Com isso, ele começou a cumprir a pena em uma sala no Comando Militar do Planalto, em Brasília.











