Uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Imunologia e Inflamação (Limi) da Universidade de Brasília (UnB) identificou que o consumo de ômega-3 diminui a morte de neurônios pelo vírus Zika, que é transmitido pelo Aedes Aegypti.
A UnB foi uma das universidades atacadas pelo ministro da Educação de Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub, acusada de ser ambiente de “balbúrdia”.
Heloísa Braz de Melo, que faz mestrado na universidade, publicou um artigo mostrando a descoberta em uma revista internacional.
De acordo com sua orientadora, Kelly Magalhães, que é coordenadora do Limi, professora do departamento de biologia celular da UnB, “quando o Zika infecta um neurônio, ele faz com que esse neurônio produza série de moléculas inflamatórias, citotóxicas e radicais livres que vão causar dano ao DNA”.
Com a infecção pelo vírus, as mitocôndrias, que são responsáveis pela produção de energia para a célula, são atacadas e sofrem estresse oxidante, causando a morte da célula.
“O pré-tratamento do ômega-3 faz com que a célula produza outras moléculas que têm atividade antagônica ao que o Zika faz”, explicou a professora. O ômega-3 faz com que os neurônios produzam moléculas anti-inflamatórias e neuroproteroras.
O ômega-3, que vendido em farmácias em cápsulas e sem necessidade de prescrição médica, é usado para a diminuição de colesterol ruim no corpo. A substância é encontrada no óleo de peixes como salmão, atum, bacalhau e cação e em óleos vegetais.
A pesquisa foi desenvolvida em cima de um vírus isolado de um paciente infectado em Pernambuco em 2015, ano em que o vírus mais se ploriferou. A infecção traz problemas neurológicos, como encefalites, síndrome de Guillain Barré e microcefalia.
Segundo Kelly, os testes feitos em camundongos também demonstram que o vírus pode trazer infertilidade para os homens. “A gente está demonstrando que a infecção do Zika vírus também causa a infertilidade masculina. Quando o camundongo é infectado, o vírus se aloja no testículo, causa morte de espermatozoides ou anormalidades morfológicas de movimento”.
O vírus pode ser transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo que transmite a dengue, relação sexual e da mãe para o feto durante a gravidez.
Quando executou o corte de 30% no orçamento das universidades federais, que causou manifestações de estudantes em todo o país, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, usou a UnB como exemplo de Universidade que só servia para os estudantes fazerem “balbúrdia”.
Quando foi perguntado sobre o que quis dizer como balbúrdia, falou de “sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus”.
O ministro de Bolsonaro também citou a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) como supostos exemplos. As três estão no topo dos rankings de qualidade das universidades brasileiras.
Em novembro, Weintraub acusou as universidades federais, entre elas a UnB, de cultivarem “extensivas plantações de maconha”.
A direção da universidade condenou a fala do ministro. “A Administração repudia veementemente a associação equivocada da imagem da Universidade a práticas ilícitas. O fato é ainda mais grave quando ocorre de maneira recorrente e por parte de um gestor público cujo papel é o de promover a educação, em seus diversos níveis”, diz um trecho do documento assinado pela reitora Márcia Abrahão e pelo vice-reitor, Enrique Huelva.
Com informações da Agência Brasil