“Mito” queria só até as eleições
A medida provisória que elevou o valor mínimo do Auxílio Brasil para R$ 400 e, após emenda parlamentar, o tornou permanente, foi aprovada pela Câmara dos Deputados na quarta-feira (27).
Na MP apresentada originalmente pelo governo, o benefício teria caráter temporário, valendo até dezembro, ou seja, apenas dois meses após as eleições, mas, em acordo fechado com líderes partidários, o relator da matéria, deputado João Roma (PL-BA), acatou uma emenda para tornar o complemento permanente.
Os deputados da oposição defenderam que o valor do auxílio chegasse a R$ 600, mas a proposta foi rejeitada pelo relator.
O Auxílio Brasil foi criado para substituir o Bolsa Família, quando o governo acabou com o auxílio emergencial, e milhões de famílias brasileiras ficaram sem qualquer meio de sobrevivência. Mas, com o país alcançando a maior taxa inflacionária dos últimos 27 anos – uma alta 12,85% em um ano -, a carestia no preço dos alimentos, do gás de cozinha e a queda da renda, a realidade é que o valor do auxílio não cobre nem o custo da cesta básica.
Mesmo assim, a lista de espera de pessoas inscritas no CadÚnico (Cadastro Único do governo federal) – que seriam aptas a receber o auxílio – só faz crescer.
Atualmente, o programa atende a cerca de 18 milhões de pessoas em situação de pobreza ou extrema pobreza, mas segundo dados do CadÚnico, mais de 1 milhão aguardam na fila, mesmo após o governo ter anunciado, em janeiro deste ano, que teria “zerado” a fila das famílias que aguardavam inclusão no Auxílio Brasil.
Por ser uma MP, as regras sobre o Auxílio Brasil estão em vigor desde a sua publicação no Diário Oficial da União, em 7 de dezembro de 2021, mas, para virar lei, a medida ainda precisa ser aprovada pelo Senado.