As informações da participação de caminhões envolvidos nesses crimes em atos bolsonaristas constam de um documento enviado pela Polícia Rodoviária Federal ao STF
atualizado em 27/05/2024
Reportagem da Folha de S. Paulo desta segunda-feira (12) revela que caminhões envolvidos com o tráfico de drogas e cotrabando participaram dos bloqueios de estradas e atos golpistas insuflados por bolsonaristas que não aceitaram o resultado das eleições presidenciais do dia 30 de outubro.
As informações da participação desses caminhões envolvidos nesses crimes constam de um documento enviado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) ao STF (Supremo Tribunal Federal), a partir do levantamento de placas dos veículos que participaram de um comboio organizado por manifestantes em Cuiabá (MT) no dia 5 de novembro.
Um dos caminhões que bloqueavam estradas, um Mercedes Benz modelo Actros 265, já havia sido apreendido em outubro, mês anterior ao dos atos golpistas dos quais participou. Segundo o documento da PRF, ele foi pego na BR-101, altura do município de Palhoça (Santa Catarina), transportando três toneladas de drogas (2,9 toneladas de maconha e 103 quilos de skank).
Segundo a Folha, o motorista foi preso e conduzido, junto com o veículo, à Polícia Federal em Florianópolis. O condutor e outro homem que fazia parte do comboio relataram que ganhariam R$ 100 mil pelo serviço. No boletim de ocorrência, o caminhão estava registrado como de propriedade da empresa Sipal Indústria e Comércio. A companhia, no entanto, esclareceu em 23 de maio de 2024, que os caminhões haviam sido vendidos a terceiros e que a empresa foi excluída das investigações por determinação do ministro Alexandre de Moraes. (a íntegra da nota da Sipal Indústria e Comércio será divulgada no final da matéria)
Três outros caminhões registrados em nome de Evandro Bedin também foram usados nos atos golpistas. Um deles foi pego pela polícia operando para contrabando, em 2018. Bedin aparece como proprietário do veículo no registro do boletim. O condutor já havia sido preso em outras ocasiões por transportar caixas de cigarros vindos do Paraguai, sem a devida documentação para a entrada do produto.
Outro veículo atingido pela decisão de Moraes já havia sido apreendido em boletim registrado por crime ambiental, em nome de Vanteir Pereira da Silva. Segundo registro da PRF de Rondonópolis (MT), o caminhão foi pego no dia 5 de dezembro de 2021, na BR-364, durante uma fiscalização conjunta com o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea) e a Polícia Militar Ambiental.
Em alguns desses bloqueios criminosos, os lunáticos apoiadores de Bolsonaro chegaram a apedrejar veículos e atirar em caminhões e em carros da Polícia Federal. Eles invadiram pedágios encapuzados e armados para incendiar ambulâncias e outros veículos estacionados nas praças de pedágio. Os baderneiros provocaram acidentes e impediram a passagem de alimentos e de remédios.
As polícias militares foram acionadas em vários estados para reforçar a ação da Polícia Federal na repressão aos golpistas e no desbloqueio das estradas. O ministro Alexandre de Moraes estabeleceu uma multa de R$ 100 mil para os caminhões que desobedeceram as ordens de liberar as estradas e bloqueou as contas de 53 empresas que foram identificadas como financiadoras dos atos golpistas.
NOTA SIPAL
Com relação à Sipal Indústria e Comércio Ltda., inclusa, à época, na lista das empresas com ordem de bloqueio de ativos emitida pelo Ministro Alexandre de Moraes por suposta participação nos atos antidemocráticos investigados, gostaríamos de retificar que, logo após prestados os esclarecimentos na Pet 10.685/DF, a empresa foi excluída das investigações por determinação do próprio Ministro.
Seguem os tópicos esclarecidos, conforme os argumentos apresentados ao Poder Judiciário:
– Os veículos em nome da Sipal haviam sido vendidos a terceiros antes da utilização destes nos eventos noticiados pela mídia, o que foi comprovado pelos contratos de compra e venda apresentados naquele processo. À época, contudo, as transferências de titularidade dos veículos não haviam ocorrido porque dependiam do pagamento integral dos referidos bens pelos compradores, condição esta prevista nos contratos firmados entre a Sipal e os respectivos adquirentes.
– Em relação à menção “Um dos caminhões que bloqueavam estradas, um Mercedes Benz modelo Actros 265, já havia sido apreendido em outubro, mês anterior ao dos atos golpistas dos quais participou. Segundo o documento da PRF, ele foi pego na BR-101, altura do município de Palhoça (Santa Catarina), transportando três toneladas de drogas (2,9 toneladas de maconha e 103 quilos de skank).” (…) “No boletim de ocorrência, o caminhão estava registrado como de propriedade da empresa Sipal Indústria e Comércio.”, informa-se, da mesma forma, que o veículo havia sido vendido em data anterior ao ocorrido, não tendo a Sipal nenhuma relação com a informação noticiada.
Referidas informações foram esclarecidas também à Folha de S. Paulo, que prontamente retificou a matéria, a saber: Notícia Folha de S. Paulo
Assim, a Sipal apenas reforça que não possui nenhuma relação com os eventos noticiados. A empresa renova seu compromisso com os valores éticos e de probidade, assim como preza pela garantia do Estado Democrático de Direito.