Caminhoneiros de todo o país pararam em greve nesta segunda-feira, 21, contra o aumento no preço do óleo diesel. O combustível sofreu cinco aumentos diários na semana passada e, na segunda, o governo anunciou mais um, de 0,97% a valer a partir desta terça-feira, 22. Desde julho do ano passado, o preço do diesel comercializado nas refinarias subiu 57,78%.
Até o momento foram confirmados atos em 12 Estados, com paralisações totais ou parciais de rodovias. Há mobilizações nos estados da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins. Os caminhoneiros são autônomos (não ligados a transportadoras) e reivindicam a redução nos preços dos combustíveis, sendo o diesel responsável por 42% do custo da atividade.
A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) convocou a greve, mas ainda não divulgou um levantamento oficial. A entidade chegou a protocolar na semana passada um “ofício na Presidência da República e na Casa Civil para cobrar medidas efetivas do Governo diante do aumento constante das refinarias e dos impostos que recaem sobre o óleo diesel”.
“As recentes paralisações feitas em diversas rodovias do país refletem o desespero e a insatisfação da categoria, que não têm seus pleitos ouvidos pela Governo”, diz nota da entidade, a qual também defende que, “além da correção quase que diária dos preços dos combustíveis realizado pela Petrobrás, que dificulta a previsão dos custos por parte do transportador, os tributos PIS e Cofins, majorados em meados de 2017 com o argumento de serem necessários para compensar as dificuldades fiscais do Governo, são o grande empecilho para manter o valor do frete em níveis satisfatórios”.
A reivindicação dos Caminhoneiros é ainda mais justificada se considerarmos que os aumentos diários no preço dos combustíveis devem-se à política posta em prática pela direção da Petrobrás: repassar para os combustíveis a variação da cotação do petróleo no mercado internacional. Embora a direção da estatal, sob comando de Pedro Parente, diga que pretende manter “paridade” com o valor internacional, o preço final tem sido maior.
Vale ressaltar que os preços do mercado são preços de monopólio, naturalmente altos, uma vez que não têm concorrentes ou regulação pelo Estado, e são determinados pelo cartel das petroleiras. Se a Petrobrás existe hoje é justamente para que possamos ter uma política nacional em relação ao petróleo, ao invés de nos submeter à gana dos monopólios estrangeiros.
Essa política, posta em prática desde 03 de julho do ano passado, resultou em 57,78% de aumento no preço do diesel comercializado nas refinarias, frente a uma inflação oficial acumulada entre julho de 2017 e abril de 2018 (último dado disponível) de 2,68%. No acumulado somente na semana passada, a alta chegou a 6,98% nos preços da gasolina e de 5,98% no diesel.
Em ofício apresentado à presidência da república, a Abcam denuncia que “já não suportamos a falta de conduta ética do governo federal, corrupção ativa e passiva, desleixos, prevaricações, improbidades administrativas, e muitos outros procedimentos vergonhosos que o governo vem praticando sem se preocupar com as conseqüências. É uma verdadeira falta de respeito o que passamos todos os dias, a miséria, o desleixo com a saúde e educação, a falta de segurança que assola principalmente as estradas brasileiras, roubos de carga aumentam a cada dia, desvios de cifras incalculáveis são manchetes em nossos jornais diariamente… Chega! Basta! Não suportamos mais tudo isso”, ressalta a associação.
ANA CAMPOS
Assista o vídeo sobre a greve