Caminhoneiros consideram os R$ 400,00 por mês de vale diesel anunciados por Bolsonaro, na quinta-feira (21), totalmente insuficiente para compensar os aumentos do óleo diesel e reafirmam a convocação para a greve no dia 1º. de novembro.
Carlos Alberto Litti, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). disse: “De tão ridícula que é essa proposta, mostra o total despreparo com que é tratada a categoria. É um absurdo pensar que uma categoria de transportador autônomo, com todas suas dificuldades, possa compreender uma proposta tão insignificante que, em vez de tratar a causa, quer tratar o efeito colateral dela. Não é o auxílio que vai resolver o problema da política de preço equivocado da Petrobrás”.
Reforçando que os caminhoneiros não querem esmola e que o anunciado valor de R$ 400,00, por Bolsonaro, não paga 100 litros de diesel.
Para Plínio Dias, presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTR), o auxílio anunciado por Bolsonaro não condiz com a realidade, “não tem cabimento”, não é isso que isso que os caminhoneiros estão pedindo.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) informa, em suas pesquisas regulares do preço de vendas em milhares de postos de combustíveis em todo o país, que o menor preço médio do litro do diesel é R$ 4,823 no Rio Grande do Sul e o maior e de R$ 6,208 no estado do Acre. Um caminhoneiro que encher um tanque de 400 litros, por exemplo, no Rio Grande do Sul, vai pagar em torno de R$ 1.929,20 e no Acre R$ 2.483,20.
Além de ser apenas um “melzinho na chupeta”, como se referiu ao auxílio José Roberto Stringasci, presidente da ANTB (Associação Nacional de Transporte do Brasil), o problema do cálculo dos preços dos combustíveis com base no preço de paridade internacional (PPI), imposto pela direção da Petrobrás com a cobertura de Guedes e Bolsonaro, permanece intocado, com enfatizou Carlo Litti.
Os cálculos pelo PPI tomam o preço do barril de petróleo no mercado internacional e sofrem também o impacto do preço do dólar, em fase de valorização, ao invés de levar em conta os preços de venda nas refinarias, a partir do custo de produção do barril da Petrobrás, um dos menores em todo o mundo, de até 13 dólares o barril nos melhores campos do Pré-sal.
Por conta dessa política de preços, o diesel que custava nas refinarias R$ 2,02 no início deste ano, foi vendido, no início de outubro (dia 8), por R$ 3,06, ou seja, em 10 meses, teve um aumento de 51%.
O anúncio do pagamento dos R$ 400,00 a partir de novembro até o final de 2022 foi feito na quarta-feira (20) pelo ministro da Cidadania, João Roma. O prazo final em 2022 não esconde a pretensão de Bolsonaro comprar votos, o que não invalidaria em si o auxílio, no entanto, jogando “pra baixo do tapete” o crônico problema PPI.
O ministro Guedes disse que o governo estuda rever o teto de gastos, que limita o crescimento dos gastos do governo, ou permitir que uma parte do auxílio fique de fora desse teto.
No final da tarde de ontem o residente do Alvorada disse que “deve ter outro aumento de combustível? Deve ter outro aumento de combustível. Não precisa ser mágico para descobrir isso aí, é só ver o preço do petróleo lá fora e quanto está o dólar aqui dentro”. Apesar dessa constatação, ele ainda defendeu os R$ 400,00 de ajuda aos caminhoneiros.
Num comentário de zombaria, mas que sinaliza até onde vai a temperatura da categoria, Ronaldo Lima, caminhoneiro autônomo de Cuiabá (MT) gravou um vídeo criticando o anúncio feito. “Bolsonaro: pega esse auxílio seu e taca na latrina! (…) Enfia na latrina que nem eu estou fazendo aqui com a minha necessidade”, em vídeo gravado sentado no vaso sanitário.