
No desfile, herdeiros da Ku-Klux-Klan carregavam cartaz com foto de Kirk e levavam às costas a referência ao nazismo: “National Social-ism”
Usando camisas pretas (que tinham nas costas o dístico National Social-ism), integrantes da “Patriot Front” [Frente dos Patriotas] marcharam em Utah no último fim de semana, em homenagem ao ativista trumpista Charlie Kirk, gritando seu nome, como registrado em postagem do Geopolítica Hoje. Há também o detalhe de uma bandeira norte-americana incrustada com o que parece ser alguma variante de uma suástica.
Trumpista de carteirinha, fundador da Turning Point, o megafone de Trump entre os jovens brancos, notório pelas declarações racistas, xenófobas e misóginas, e pela apologia do porte de armas, Charlie King foi morto a tiro de fuzil na quarta-feira (10), durante uma apresentação na Universidade estadual de Utah.
Um jovem de 22 anos, de uma família MAGA mórmon de Utah, foi preso e está sendo acusado pelo assassinato; são desconhecidas suas motivações.
Os camisas pretas marcaram a ascensão do fascismo na Itália com Mussolini, enquanto os nazistas alemães optaram pelas camisas pardas, mas atuação análoga: a ação de turbas fanáticas, organizadas como tropas de choque, contra os democratas, os comunistas e os judeus. O que se desdobraria depois nas SS e campos de extermínio.
O Patriot Front é um grupo extremista norte-americano de ideologia supremacista branca e neofascista, surgido em 2017 após o atentado em Charlottesville – em que foi assassinada uma manifestante antifascista – e se originou como uma dissidência da organização Vanguard America. Em Utah, eles marcharam aos gritos de “Born Free” (Nascidos Livres) e “Charlie Kirk”. Um solitário ciclista é visto repudiando a farsa.
Ver vídeo com a caminhada dos herdeiros da KKK no link:
https://www.instagram.com/geopoliticahoje/reel/DOoofJgkp9V
Desde o assassinato, a Casa Branca vem buscando jogar nas costas dos progressistas e democratas o que provavelmente é um acerto de contas nas hostes trumpistas. Cinicamente ignorando toda a violência desencadeada há décadas nos EUA pela extrema-direita. Afinal, de que lado da história estavam Martin Luther King, Malcom X, Robert Kennedy e JFK ao serem alvo dos tiros assassinos?
E por quem “lutavam” os fanáticos que assaltaram o Capitólio em Washington em 2020, tentando fraudar o resultado das eleições e até ameaçando “enforcar Pence”, o vice de Trump que se recusara a embarcar no golpe.
Trump também está ameaçando perseguir qualquer um que traga a público as próprias palavras de Kirk sobre, por exemplo, a luta pelos direitos civis, que na década de 1960 pôs por terra o nauseante apartheid que vigorava no sul, isso na “maior democracia do mundo”, depois que os confederados derrotados por Lincoln conseguiram impor as Leis Jim Crow.
Era também negacionista da pandemia da Covid-19, tendo chegado a especular, em julho de 2021, que “1,2 milhão de pessoas” morreram após receber a vacina. E um insistente apologista da mentira de que “a eleição de 2020 foi roubada de Trump”.
Também defendeu execuções públicas televisionadas, que, segundo ele, deveriam ser obrigatórias para crianças. Extremado defensor do porte de armas de grande calibre, Kirk disse, há meses, que “vale a pena ter o custo de, infelizmente, algumas mortes por arma de fogo a cada ano para que possamos ter a Segunda Emenda” da Constituição, que protege o direito dos americanos de manter e portar armas. O feitiço se voltou contra o feiticeiro?