O governo de Jair Bolsonaro ignora todas as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde e lança uma campanha publicitária contra a quarentena para conter o coronavírus.
Na terça-feira (24), em discurso feito em rede nacional, Jair Bolsonaro defendeu que as “autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, como proibição de transporte, fechamento de comércio e confinamento em massa”.
Agora, lança a campanha contra o isolamento social. Seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, publicou um vídeo que levanta a hashtag #oBrasilNaoPodeParar.
A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), chefiada por Fabio Wajngarten, que está isolado há duas semanas por ter sido contaminado pelo coronavírus, também fez publicações usando a hashtag e afirmando que o Brasil deve “voltar à normalidade”.
A campanha publicitária, que custará R$ 4,9 milhões, está acontecendo sem licitação. A prática foi permitida por decreto de Jair Bolsonaro. Está programada para começar a ser veiculada oficialmente entre sexta-feira (27) e sábado (28).
O vídeo usa demagogicamente imagens da população – trabalhadores, donas de casa, ambulantes – para incitá-los à morte.
Para a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), “gastar milhões de reais em uma campanha publicitária com o mote ‘O Brasil não pode parar’, que pode acabar incentivando o contágio do coronavírus no momento em que o país mais precisa de recursos para proteger a população, é irresponsável e genocida”.
“Os números mostram que podemos entrar em uma curva perigosa de contágio e mortes nas próximas semanas. O governo deveria prevenir a população desse cenário trágico”, disse.
“Na propaganda do Bolsonaro, pretos e pobres são usados na linha de frente para morrer”, denuncia Alfredo Oliveira, presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB).
Os bolsonaristas também estão organizando carreatas para pedir a volta à “normalidade”, ignorando as mais de 3 mil infecções e 77 mortes causadas pelo vírus.
Jair Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais o vídeo de uma carreata contra a quarentena realizada em Balneário Camboriú (SC).
Depois que o governador do estado, Carlos Moisés da Silva (PSL), anunciou a retomada gradual das atividades econômicas no estado, a hashtag #SCNaoQuerMorrer foi levada aos trending topics do Twitter.
Foram marcadas carreatas em Vitória (ES), Cuiabá (MS), Curitiba (PR), Maceió (AL), Novo Hamburgo (RS) e Presidente Prudente (SP).