O início da campanha eleitoral na TV, na sexta-feira (31), foi marcado pela tentativa dos candidatos de esconder a sigla dos partidos a que pertencem. A maioria, principalmente o bloco de candidatos ligados a siglas envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato, como PMDB e PSDB, não exibiram na imagem que foi ao ar o nome do partido. Na tela, apareciam apenas os números. A propaganda eleitoral começou com os candidatos a governador, ao Senado e Assembleias Legislativas.
Em São Paulo, o candidato do PSDB ao governo paulista, João Doria, preferiu usar seu primeiro programa na TV para repetir a fórmula de se apresentar como de origem humilde ao eleitor mais pobre, que, uma vez no governo da prefeitura de São Paulo, ele abandonou.
Havia expectativa de que o ex-prefeito aproveitaria o tempo no rádio e na TV para explicar os motivos que o levaram a abandonar a prefeitura para se lançar candidato ao Palácio dos Bandeirantes, depois de ter jurado aos eleitores que cumpriria seu mandato. No programa apresentado à tarde não tocou no assunto. Isso só foi ocorrer à noite, quando disse que se candidatou ao governo do estado para ter mais força para ajudar seu substituto, o atual prefeito Bruno Covas, a cumprir os compromissos que assumiu com os paulistanos em 2016.
O candidato do PMDB, Paulo Skaf, ignorou a existência do seu padrinho Michel Temer, do mesmo partido, cuja impopularidade bate recordes. O peemedebista preferiu usar o mote da educação no programa a eleitoral, batendo na tecla de que é, há dez anos, presidente do Sesi, rede de escolas mantida pelas indústrias. Candidato ao governo pela terceira vez, tentou se apresentar como “gestor” e se colocou no papel de não ser um político tradicional:
“O povo está cansado de mentiras, de promessas que não se cumprem, falta de palavra, de verdade”, disse.
Márcio França (PSB) mostrou na TV um programa voltado a popularizar a imagem de homem público competente e realizador e empenhado em atender as demandas populares. Durante a propaganda, coloca uma gravata, arregaça as mangas da camisa, posa ao lado da família e circula pela ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Também é filmado em situações populares: joga sinuca, entra em um bar, corta o cabelo. Ele se comprometeu a “terminar obras, fazer novos projetos” e as mudanças necessárias na saúde e educação.
O candidato ao governo pelo PT, Luiz Marinho, procurou colar sua trajetória política à de Lula. Sentado na escadaria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, disse que foi ali que os dois atuaram na vida política e sindical do país.
Alguns partidos não entregaram seus programas a tempo. Assim, o primeiro programa da propaganda eleitoral gratuita na TV no estado de São Paulo teve 6 minutos e 13 segundos de tela azul com a tarja “Horário reservado para propaganda eleitoral gratuita”.
WALTER FÉLIX
Esse “porquê” no título da reportagem não está errado?
Está errado, leitor. Aliás, estava, porque corrigimos. Obrigado por avisar – e não faça cerimônia: quando alguma coisa estiver errada, agradecemos o aviso.