No ranking entre 40 países, a média geral está negativa: -1,92%
Mantida a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75%, o Brasil segue firme na 1ª colocação no ranking mundial de juros reais, pódio que ocupa a quatro reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que ocorre a cada 45 dias.
A taxa de juro real no Brasil, que é o resultado da taxa Selic descontada a inflação esperada para os próximos 12 meses, é de 6,94%, de acordo com o levantamento feito pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management. Assim, o Brasil segue a frente do segundo colocado, que é o México (6,05%).
No ranking que lista 40 países, na média geral, a taxa de juro real encontra-se negativa (-1,92%). Apenas 16 países apresentaram taxas de juros reais positivas, sendo que em seis deles, a taxa ficou um pouco acima de zero. Entre eles, a dos EUA (0,36%). Na quarta-feira (22), o banco central dos EUA, o Federal Reserve (Fed) elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, passando de 4,75% a 5% ao ano.
Na véspera do Copom, economistas, empresários da indústria, do comércio, dirigentes sindicais, especialistas e membros do governo alertaram sobre a gravidade da decisão do Banco Central em manter a taxa Selic no atual patamar de 13,75%.
Os juros altos no Brasil estão travando os investimentos produtivos, derrubando o consumo da população e elevando o endividamento das empresas e das famílias. Assim, a economia brasileira, que já obteve queda 0,2% no último trimestre do ano passado, segue desaquecendo jogando para baixo a geração de empregos.
Na quinta-feira (23), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a decisão tomada pelo BC de manter a taxa de juros em 13,75%. “Não tem explicação para nenhum cidadão do planeta Terra a taxa de juro no Brasil estar em 13,75%. Não existe explicação”, disse Lula, em visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
“Eu não posso, como presidente da República, ficar discutindo cada relatório do Banco Central, eles que paguem pelo que estão fazendo. A história julgará cada um de nós. A única coisa que eu sei é que a economia brasileira precisa crescer, nós precisamos gerar empregos”, afirmou o presidente.
“Dentro do governo, não podemos ficar vendo as coisas apenas do ponto de vista negativo”, sustenta “Precisamos pensar um pouco do ponto de vista positivo. Se não tem dinheiro, vamos ter que arrumar. Se não tem dinheiro e tem fundo que não foi utilizado, vamos utilizar. Se não tem dinheiro do orçamento para aplicar, vamos arrumar parceria com a iniciativa privada, construir PPP e fazer os investimentos que o Brasil precisa”, declarou Lula.