Afirma senador Randolfe Rodrigues, líder do Governo
Em tom de crítica ao Banco Central (BC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou no sábado (27), em evento no Pará, que a inflação seguirá em queda no país, contribuindo para a retomada do crescimento econômico.
Presente no evento, senador e líder do governo federal no Congresso, Randolfe Rodrigues (Sem partido), declarou: “Só falta agora o resquício bolsonarista lá no Banco Central, o tal do Roberto Campos Neto, começar a baixar a taxa de juros que ninguém segurará este país”, afirmou o senador que também vem tecendo duras críticas ao presidente do BC e aos juros astronômicos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá na próxima terça e quarta-feira (20 e 21) para discutir os rumos da taxa Selic, em 13,75% a.a desde agosto de 2022 – travando os investimentos e o crescimento do país.
Com a inflação voltando a ceder em maio, cresce a pressão pela derrubada dos juros no Brasil. Em maio, a inflação variou em alta de 0,23%, abaixo da taxa de 0,61% registrada em abril, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE. No ano, a alta acumulada é de 2,95% e em doze meses o índice atingiu 3,94%, a taxa mais baixa acumulada desde outubro de 2022 (3,92%).
E não é à toa tais críticas, mesmo com o recuo da inflação nos últimos meses e o péssimo desempenho da indústria, comércios e serviços no trimestre de 2023, as empresas e as famílias endividadas, Campos Neto tem insistido numa inexistente inflação de demanda para que os juros no Brasil permaneçam altos.
Com o crédito e o consumo das famílias sendo inibidos pelos juros escorchantes do Banco Central, o segundo trimestre de 2022 já começou de mal a pior para os principais setores econômicos deste país. Na passagem de março para abril, a produção industrial recuou -0,6%, as vendas do comércio varejista ampliado ficaram -1,6% em baixa e o volume do setor de serviços, com maior peso no PIB, tombou em -1,6%.
FRACA DEMANDA
Com a redução das compras do varejo, por exemplo, os fabricantes vêem o volume de mercadorias crescerem em seus armazéns. Os juros altos são apontados por 23,8% dos comerciantes como fator limitante para tocar o negócio, o maior resultado para esse quesito em todos os meses de maio desde 2016, segundo Sondagem do Comércio da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A indústria, conforme a Sondagem da Indústria de Transformação da FGV, desde setembro o indicador de estoques está acima de 100, o que aponta para um acúmulo indesejado de produtos. Dos 19 segmentos da indústria pesquisados, 12 acumulam um volume de estoques acima do desejado. Mais da metade dos segmentos (63%) da indústria de transformação está afetada pelo acúmulo de estoques.
“O nosso estoque aumentou porque não prevíamos que houvesse por parte do varejo redução nas compras”, explica o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato. No primeiro trimestre deste ano, as vendas da indústria elétrica e eletrônica para o varejo caíram 6% em relação a igual período do ano anterior e a produção física recuou 7,4%, na mesma base de comparação.
No primeiro trimestre deste ano, conforme divulgou o IBGE, o PIB cresceu 1,9% frente ao trimestre imediatamente anterior. O resultado positivo principalmente se deu pelo lado da oferta, a agropecuária teve uma alta de 21,6%.
Por outro lado, foi fraca a demanda de consumo de bens e serviços no país. O consumo das famílias praticamente não saiu do lugar, ao variar em alta de 0,2% no período. Já as compras do governo avançaram próximo de ZERO (+0,3%). Com a demanda fraca, a indústria recuou -0,1%, o comércio variou em alta de 0,3% e serviços cresceu apenas 0,6% no mesmo período.