O presidente Lula cobrou de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), a redução da taxa básica de juros, afirmando que “não tem mais explicação” a manutenção da Selic em 13,75% com a inflação caindo.
Lula disse, no programa Conversa com o Presidente, que foi transmitido nesta terça-feira (11), que Campos Neto é “teimoso” e “tinhoso” por ignorar empresários e trabalhadores que pedem a redução dos juros.
“A inflação está caindo e logo, logo vai começar a cair a taxa de juros, porque o presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] é teimoso, é tinhoso, mas não tem mais explicação”, criticou o presidente da República.
Na terça-feira (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que o Brasil teve deflação no mês de junho, isto é, os preços dos produtos diminuíram. No acumulado de 12 meses, a inflação caiu para 3,16%.
“As pessoas que eram pessimistas estão vendo dólar cair, a economia crescer, sinais de que o salário vai crescer, de que emprego vai crescer. Ou seja, as pessoas estão ficando mais otimistas”, disse Lula.
Com a queda da inflação, a manutenção dos juros nominais em 13,75% se torna ainda mais grave porque seu valor real aumenta. Atualmente, os juros reais mantidos por Campos Neto são de 10,59%. O Brasil tem a maior taxa de juro real do mundo.
Desde o começo do governo, Lula tem dito que os juros altos atrapalham o desenvolvimento econômico do país, uma vez que impedem investimentos.
Essa afirmação foi endossada publicamente por empresários, entidades empresariais, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por trabalhadores e economistas.
No começo de junho, representantes das centrais sindicais e outros movimentos sociais entregaram para Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, um pedido de exoneração de Roberto Campos Neto.
Segundo Lula, o país que tem “uma política industrial correta” é capaz de “exportar produtos com maior valor agregado, os chamados manufaturados”, o que traz “mais dinheiro para a Nação, mais salário para o povo trabalhador e o país cresce, do ponto de vista científico e tecnológico”.
O presidente criticou os últimos governos que não tinham nenhuma política industrial e elogiou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, por ter reunido o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial. “Finalmente vamos colocar em prática uma coisa que estava paralisada há muito tempo”, disse,
Na reunião foram discutidas as estratégias a serem seguidas pelo governo Lula para desenvolver o setor. “Só para ter uma ideia, em inovação há uma perspectiva de investimento de R$ 6 bilhões. Tem que ser uma política industrial para valer”.
“Temos que discutir que nicho de indústria a gente vai querer crescer. A gente vai recuperar a indústria de óleo e gás? A indústria naval? A gente vai ter uma indústria de papel e celulose de fina qualidade?”, questionou.
O presidente ainda citou a indústria da saúde como uma possibilidade de investimento, uma vez que o setor tem o SUS como consumidor.
Além disso, destacou a importância das compras governamentais serem voltadas para a produção nacional, fortalecendo “a pequena e média empresa, porque essa gente dá muito emprego e gera riqueza para o país”.
Ainda no programa Conversa com o Presidente, o presidente Lula disse que o Brasil “está precisando de um pouco de tranquilidade e paz” para crescer economicamente e ter distribuição de renda, depois de quatro anos de governo Bolsonaro.
“Todo mundo sabe o que aconteceu no país nos últimos quatro anos, o que foi o 8 de janeiro, a tentativa de golpe que o país sofreu, todo mundo sabe o abalo do sistema democrático com acusações à Suprema Corte”.
“As pessoas querem que a economia cresça, que esse crescimento seja repartido entre todos os brasileiros, querem trabalhar e ganhar mais”, sustentou.
“É isso que estamos tentando construir reduzindo o pagamento de impostos, mas aumentando a quantidade de pessoas que vão pagar. O governo pode cobrar menos, mas arrecadar mais porque tem mais gente pagando. A gente inibe a sonegação”, comentou, referindo-se à reforma tributária que tramita na Câmara.