A candidata-laranja do PSL de Pernambuco, Maria de Lourdes Paixão, prestou depoimento na sede da Polícia Federal em Recife, na manhã desta quarta-feira (20).
O depoimento foi na condição de “registro especial”, antes da abertura oficial de uma investigação federal. Estava marcado para a quinta-feira passada (14), mas foi adiado a pedido da defesa da ex-candidata.
A ex-candidata recebeu R$ 400 mil para fazer sua campanha, mas recebeu apenas 274 votos. Além disso, no endereço da gráfica que supostamente prestou os serviços de impressão dos materiais de Maria de Lourdes funciona, desde março de 2018, uma oficina mecânica.
Quem liberou o dinheiro foi o ex-secretário da Presidência, Gustavo Bebianno, que era o então presidente do PSL.
Vindo do fundo partidário, o dinheiro foi entregue pelo PSL à Maria de Lourdes no dia 3 de outubro, ou seja, quatro dias antes das eleições. No mesmo dia Maria contratou junto à Gráfica Itapissu a confecção de santinhos e adesivos no valor de R$ 380 mil.
Conforme apurou a Folha de S. Paulo, no endereço registrado junto à Receita Federal encontra-se um café funcionando no térreo, um espaço para aulas de reforço e uma pequena sala com duas mesas, mas nenhuma máquina para impressão em larga escala.
O conteúdo do depoimento prestado não foi divulgado, Maria não quis conversar com a imprensa e seu advogado não soube dizer o endereço onde foram impressos R$ 380 mil em materiais eleitorais. “A gráfica existe. Não sei precisar o endereço da gráfica, mas é extremamente conhecida e presta serviço ao Ministério Público do estado”.
Questionado pelo G1, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) afirmou não haver “nenhum contrato vigente com a Gráfica Itapissu”.
Segundo o advogado de Maria, não há crime e nem candidatura-laranja, trata-se apenas de um mal entendido. A ex-candidata teria apenas tido uma campanha atrapalhada pelo atraso no recebimento e pela doença de sua mãe.
“O dinheiro só foi liberado em cima da hora e já tinha todo um compromisso de gráfica, de material. Ela era uma das candidatas que o partido apostou aqui. Infelizmente, houve essa questão do repasse do fundo partidário ter saído em cima da hora, mas havia um compromisso anterior da liberação desse dinheiro”.
Questionado sobre a distribuição dos materiais que foram supostamente impressos quatro dias antes das eleições, o advogado declarou que foram distribuídos em eventos do PSL. “Você chegou a ver o material da campanha de Bolsonaro aqui em Pernambuco? De Luciano Bivar? Acredito que ninguém viu. E isso foi distribuído”, respondeu, sem explicar como foram distribuídos 9 milhões de santinhos e 1,7 milhão de adesivos em apenas 4 dias.
Segundo o assessor da PF em Pernambuco, a corporação vai “encaminhar hoje o procedimento para a Justiça Eleitoral, a fim de que eles possam analisar e requisitar a abertura de investigação por parte da Polícia Federal”.