Bolsonaro já está em Dallas, nos EUA, para receber um prêmio da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos após ser rejeitado em Nova Iorque, onde o prefeito da cidade, Bill de Blasio, fez uma forte campanha para não recebê-lo, por considerá-lo um “ser humano perigoso”.
Dallas ficou mundialmente conhecida por ter sido a cidade onde foi assassinado o presidente John F. Kennedy, em 22 de novembro de 1963. Kennedy foi alvejado pelo assassino – identificado depois como Lee Harvey Oswald, segundo a versão oficial – ao entrar na Rua Elm, passando pelo Dealey Plaza, principal parque no centro da cidade.
Também ficou marcada por dar nome ao seriado com enredo de intrigas, ganância e ódio que envolvia a família Ewing, dona de uma poderosa multinacional do petróleo, comandada pelo inescrupuloso J.R. (interpretado pelo ator Larry Hagman).
Em Dallas, o “grande” encontro de Bolsonaro vai ser com George W. Bush, que não deixou saudades para os norte-americanos após sua saída da presidência dos EUA. Bush ficou na memória ao aparecer atônito, estático e paralisado, por vários minutos, diante da notícia do ataque às torres gêmeas em 11 de setembro de 2001. Só foi reagir e se pronunciar dias depois.
Bush, por seu lado, disse que não convidou Bolsonaro. De acordo com o assessor de imprensa, Freddy Ford, Bush não foi consultado antes e nem convidou o atual ocupante do Palácio do Planalto para um encontro na cidade.
“Ao contrário de algumas reportagens, o presidente Bush não esteve envolvido nos arranjos da viagem e não estendeu o convite para (Bolsonaro) vir a Dallas”, relatou Ford, em resposta à revista Veja. “Mas claro que ele concordou em se encontrar com o presidente Bolsonaro em seu escritório quando soube de sua visita à cidade – uma cortesia que ele regularmente estende aos dignitários estrangeiros quando estão nesta região”, explicou.
A passagem de Bolsonaro pela cidade não vai ser nada tranquila. Ele enfrentará manifestações e hostilidades de norte-americanos em Dallas. Também para a reportagem da revista, o vereador democrata Scott Griggs, candidato a prefeito da cidade, informou que estará presente numa manifestação programada para esta quinta-feira (16). Ele é um dos sete membros da Câmara de Vereadores que enviaram carta de protesto ao World Affairs Council (WAC), que sediará a entrega do prêmio dado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
Na carta, os vereadores de Dallas manifestam sua repulsa a Bolsonaro, apontando-o como um elemento que ataca a democracia e a sociedade civil.
“Não importa se é viagem oficial ou privada”, disse Griggs. “O prefeito Mike Rawlings (também democrata) não deveria dar boas vindas a um líder que não reflete os valores de tolerância de Dallas”, protestou o vereador, que disputará o segundo turno da eleição municipal em junho.
Estão na comitiva de Bolsonaro, segundo o Planalto, os deputados Hélio Lopes (PSL-RJ) e Marco Feliciano (Pode-SP), o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, os governadores de São Paulo, João Doria, e do Acre, Gladson Cameli, e cinco ministros: Paulo Guedes (Economia); Ernesto Araújo (Relações Exteriores); Bento Albuquerque (Minas e Energia); Santos Cruz (Secretária de Governo); Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
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