Fascistas eram “cidadãos de bem” e o que provocou o vandalismo foram as “falhas e omissões” da Casa, dizem integrantes da chapa de Marinho
O bloco de apoio à candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) ao comando do Senado, formado por PL, PP e Republicanos, está com dificuldades de conseguir adeptos depois que seus terroristas, que eles chamam de “cidadãos de bem”, depredaram as dependências do Senado e só não chegaram aos gabinetes dos parlamentares por heroísmo da polícia legislativa.
Insinuando que os terroristas eram pacíficos, o bolsonarista tentou culpar as instituições agredidas e destruídas pelos fatos ocorridos no dia 8 de janeiro. Ele falou em “falhas e omissões” que levaram à destruição dos prédios públicos. Ou seja, Marinho acha que as hordas fascistas que destilaram o ódio à República e à democracia e que quebraram tudo o que viram pela frente, são cidadãos inocentes. Para ele o culpado é Pacheco e Lula.
“As pessoas querem ter de novo o direito de se expressar, de falar o que pensam, as pessoas estão com medo neste País”, disse ele, defendendo os criminosos. “Precisamos moderar a avidez e os excessos que nós estamos assistindo”, afirmou o ex-ministro de Bolsonaro.
Após o desastre econômico que trouxe de volta a inflação, que jogou o juros na lua, que trouxe a fome de volta para 33 milhões de brasileiros, da tragédia da Covid-19, com o negacionismo de Bolsonaro e as quase 900 mil mortes, e agora o escândalo do genocídio patrocinado pelo governo aos yanomami, Marinho diz que “todo este legado” está em risco.
“O legado de Bolsonaro e Temer está em risco”, disse ele em reunião da chapa neste fim de semana. “Nós precisamos fazer o contraponto àqueles que estão chegando ao governo e no afã de impor a sua agenda e que estão destruindo as conquistas deste país”, afirmou o candidato dos terroristas à presidência do Senado.
Flávio Bolsonaro, o “zero um”, apoiador de Marinho, também defendeu os terroristas que depredaram Brasília. Ele classificou os atos golpistas em frente aos quartéis como “pacíficos”. Disse também que os “protestos” criminosos ocorridos nos últimos meses, como os que ocorreram após a diplomação do presidente Lula e os atos terroristas de 8 janeiro, ocorreram porque Pacheco “não teve a capacidade e a visão de promover a pacificação e o diálogo”. “Diálogo”, para ele, era simplesmente anular a derrota eleitoral do pai.
O ex-líder do governo Bolsonaro (PL) no Senado, Carlos Portinho (PL) também chegou ao cúmulo de argumentar que a culpa pelos ataques é de quem foi atacado. Ele disse que o vandalismo ocorreu porque “todas as lideranças falharam”. Portinho responsabilizou Pacheco, Lula e membros do Judiciário por não terem pacificado o País, o que, na sua avaliação, poderia ter contribuído para a tentativa de golpe. A “pacificação” dele é a mesma de Marinho, reverter o resultado da eleição, dando a vitória para Bolsonaro.
Isolado, Marinho voltou a ameaçar o STF. Disse que a abertura de processos de impeachment contra ministros do STF, em especial os endereçados a Alexandre de Moraes, seriam bem vindos mas não devem prosperar de imediato.
O afastamento de Moraes é uma das principais pautas defendidas pelos bolsonaristas que destruíram as sedes dos Três Poderes. Eles enxergam no magistrado uma ameaça à “liberdade de expressão” e aos “direitos individuais”. A “liberdade” que eles defendem é a de destruir tudo como fizeram dia 8 e o “direito de individual”, é o de agredir a democracia.
Moraes tem punido com rigor os terroristas e os golpistas de uma forma geral. O senador bolsonarista, que tem pouca chance de vencer a disputa para a presidência do Senado, defendeu estabelecer diálogo institucional com todos os Poderes antes de adotar medidas “mais enérgicas”. As “medidas enérgicas”, a que ele se refere, não são contra os terroristas do dia 8, mas sim, contra Alexandre de Moraes.