
A secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina, fez publicações chamando a vacinação contra Covid-19 em crianças, aprovada pela Anvisa, de “experimento” e “ativismo político” e recebeu apoio de Eduardo Bolsonaro.
Mayra Pinheiro está seguindo a política oficial do governo Bolsonaro, que é boicotar, atrapalhar e atrasar a vacinação.
Os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovaram a vacinação, com dose reduzida da Pfizer, em crianças que tenham entre 5 e 11 anos.
Os estudos feitos mostraram segurança e eficácia de até 90% contra casos de Covid-19.
Mesmo assim, a Capitã Cloroquina chamou a liberação de “experimento” e falou que os benefícios são menores do que os riscos. Ela não citou nenhum risco para as crianças.
“Não faço parte de movimentos antivacinas, mas não posso aceitar passivamente, que crianças sejam parte de um experimento científico motivado por ativismo político e interesse comercial”, continuou.
Contrariando a avaliação de todos os técnicos da Anvisa e da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19, órgão ligado ao Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro disse que os “estudos da vacina em crianças são escassos, não tem boa qualidade metodológica e não demonstram a eficiência da mesma em reduzir doença e morte nessa população”.
As publicações feitas pela Capitã Cloroquina foram repostadas por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nas redes sociais.
Apesar do aval da Anvisa, o governo Bolsonaro optou por não liberar a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, imitou Eduardo Pazuello e falou que não podemos ter pressa para tomar vacina.
Mayra Pinheiro, enquanto secretária do Ministério da Saúde, teve um papel central na crise vivida em Manaus em janeiro de 2021 por conta do aumento de casos de Covid-19. Ela foi acusada pela CPI da Pandemia por três crimes cometidos na época.
Os casos de infecção pelo coronavírus subiram com tanta velocidade em Manaus que faltou oxigênio medicinal para os internados, que morreram sufocados.
Enquanto isso, Mayra Pinheiro estava empenhada em fazer propaganda do uso de cloroquina no tratamento de Covid-19, que todos os cientistas sérios já tinha descartado como possibilidade há meses.
A Capitã Cloroquina idealizou e lançou, em Manaus, durante a crise, o aplicativo TrateCov, que orientava os médicos a prescreverem cloroquina a qualquer pessoa, independente da idade, que tivesse sintomas de Covid-19.
Ela também organizou uma comitiva de médicos que foi para o Estado do Amazonas apenas para propagar o uso de medicamentos ineficazes no combate ao coronavírus.
Para os senadores da CPI da Pandemia, Mayra Pinheiro foi uma peça fundamental para o massacre que aconteceu na cidade de Manaus.
A Capitã Cloroquina foi acusada pela CPI de ter cometido epidemia culposa com resultado morte, prevaricação e crimes contra a humanidade.