O novo leilão de áreas no pré-sal, realizado nesta quinta-feira (7/11), depois do fracasso da venda da Cessão Onerosa na véspera, conseguiu vender apenas uma das cinco áreas que estavam disponíveis. Foram leiloados os campos Aram, Norte da Brava, Sudoeste de Sagitário, Cruzeiro do Sul e Bumerangue. Destes, só Aram foi vendido.
Mais uma vez, a Petrobrás salvou o leião e levou 80% do campo de petróleo de Aram em consórcio com a petroleira chinesa CNODC, com lance único. A arrecadação de hoje foi de R$ 5,05 bilhões, o que representa 64% do valor esperado pela venda das cinco áreas oferecidas (R$ 7,85 bilhões). O excedente em óleo ofertado foi de 29,96%. No de Buzios tinha sido de 23,24% e no de Itapu, de 18,15%.
Com isso, todos os campos de petróleo vendidos nos dois leilões nos dois dias foram arrematados pelo valor mínimo e sem concorrência. No total, dos nove campos ofertados, três foram arrematados e seis não receberam sequer uma oferta. A Petrobras tinha preferência para operar com percentual mínimo de 30% em todas as áreas, mas escolheu exercer o direito só em cinco das nove ofertadas nos dois dias: Búzios, Itapu, Aram, Sudoeste de Sagitário e Norte da Brava.
Se no leilão de quarta-feira, da Cessão Onerosa, onde já se sabia da existência de petróleo, as empresas estrangeiras já não apareceram, no leilão desta quinta-feira, menos ainda. Neste evento (6ª rodada de partilha de produção) a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) ofereceu áreas ainda não exploradas. Nelas, as empresas vencedoras vão ter que fazer estudos para identificar se há ou não petróleo e gás em quantidades comerciais.
O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, que, no leilão da Cessão Onerosa já tinha manifestado incômodo com a participação da Petrobrás, voltou a fazê-lo nesta quinta-feira. Ele disse que é preciso fazer reflexão sobre o que ocorreu hoje. “A Petrobrás inibiu ofertas em áreas onde exerceu direito de preferência, mas não realizou lances”, afirmou Oddone.
Com o fracasso dos leilões, o governo Bolsonaro já dá sinais de que vai facilitar ainda mais a vida das multinacionais. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, reafirmou hoje que as seis áreas não vendidas nos leilões serão oferecidas novamente em 2020. Segundo ele, o governo ainda vai avaliar a melhor forma de atrair interessados para os pontos que não forem vendidos. Diante da falta de competição registrada ontem e hoje, Bento Albuquerque declarou que “é necessário rever as atuais regras sobre leilões de petróleo”.
Como disse o professor da USP, Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobrás, esses dois leilões serviram para duas coisas. Desmistificar que a Petrobrás não teria recursos para explorar o Pré-Sal. Só ela se dispôs a investir em Búzios e Itapu no leilão da Cessão Onerosa e em Aram no leilão desta quinta-feira (7). A outra, é que ficou demonstrado é que a União ganharia muito mais se contratasse diretamente a Petrobrás, o que é permitido pela lei, e não fizesse os leilões. Os acionistas vão embolsar mais do que a nação com estes modelos adotados.