O ministro da Economia Paulo Guedes declarou na sexta-feira (14) que os deputados “abortaram” a Reforma da Previdência.
“Cortaram R$ 350 bilhões”, protestou Guedes. Ele disse que entregou ao Congresso um projeto que previa uma “economia de R$ 1,2 trilhão” para o governo, em 10 anos. E aponta que com as alterações introduzidas pelo relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) a “economia fiscal cai para R$ 860 bilhões”.
O ministro não disse que tanto no seu quanto no outro projeto a economia será obtida forçando todos os assalariados a trabalharem mais, descontarem mais e receberem menos aposentadoria.
Guedes também não informou que os bilhões “economizados” já estão prometidos ao mercado financeiro. Serão transferidos sob a forma de pagamentos de juros artificialmente elevados da dívida pública, como vem sendo feito desde os anos FHC, passando por Lula, Dilma, Temer e, agora, Bolsonaro. Nesse aspecto, eles todos são iguais.
Do outro lado, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apoia o relatório do deputado Moreira, rebateu dizendo que o ministro “está criando uma crise desnecessária”.
“Nós queremos deixar claro que essa usina de crises que o governo Bolsonaro se tornou não vai chegar à Câmara, nós vamos blindar a Câmara”, afirmou Maia.
O deputado não contou que, na disputa com Guedes pela condição de “predileto do mercado”, ele tem se apresentado como o salvador da lavoura, argumentado que o projeto do rival já nasceu morto porque é tão brutal e impopular que só mesmo os mais caricatos robôs bolsonaristas seriam capazes de votar nele.
Para os líderes da Oposição na Câmara Federal, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Alessandro Molon (PSB-RJ), o projeto Moreira-Maia absorveu parcialmente a voz das ruas ao retirar da proposta do governo a capitalização, mudanças no BPC e na aposentadoria rural, mas continua profundamente injusto.
Eles defendem que a solução é seguir aumentando a pressão popular para derrotar a reforma.
De fato, reduzir os baixíssimos salários e aposentadorias que vigoram no Brasil não é remédio para nada. É apenas veneno que condena a economia a se afundar na recessão enquanto a minoria que vive de renda – isto é, não trabalha nem produz um parafuso – vai ficando cada vez mais rica.
(S.R.)