Declarou que vai “seguir a linha do secretário [Roberto] Alvim”, que imitou o nazista Goebbels
O indicado por Jair Bolsonaro para presidir a Fundação Palmares, Sérgio Camargo, voltou ao cargo demitindo servidores negros por celular.
A indicação de Sérgio, que tinha sido suspensa pela Justiça Federal, foi autorizada pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, sob recurso da Advocacia Geral da União (AGU).
A situação de Sérgio Camargo é incerta, pois a nova secretária de Cultura, Regina Duarte, ainda não assumiu o cargo oficialmente.
Para a Justiça Federal, a indicação de um racista para a presidência da Fundação Palmares contraria “frontalmente os motivos determinantes para a criação” da Fundação Palmares e a põe “em sério risco”, uma vez que Sérgio entraria em “rota de colisão com os princípios constitucionais da equidade, da valorização do negro e da proteção cultural afro-brasileira”.
Tendo reassumido a chefia da entidade última semana, os servidores disseram não esperar pelas demissões, que aconteceram na quarta-feira (26), através de ligações.
Foram demitidos Sionei Leão, diretor de Proteção Afro-brasileira, que assumiu a presidência da Fundação enquanto Sérgio estava impedido, Kátia Cilene Martins, coordenadora geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, e Clóvis André Silva da Silva, diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira.
“Fomos pegos de surpresa. Ninguém esperava. O presidente já estava a autorizado a retornar. Mas somente chegou na quinta (19) e estava tudo calmo”, declarou Clóvis da Silva.
De acordo com fontes ouvidas pelo jornal Estado de Minas, Sérgio disse nas ligações que vai “montar um nova equipe de extrema direita” e “vou seguir a linha do secretário [Roberto] Alvim”.
Roberto Alvim foi o secretário da Cultura de Jair Bolsonaro que fez um vídeo imitando o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels. O repúdio foi tão grande que Bolsonaro não conseguiu sustentá-lo no cargo.
As fontes ouvidas afirmam que Sérgio demitiu apenas “negros com reconhecida trajetória em políticas públicas em prol da cultura afro-brasileira”.
Uma vez que a nova secretária da Cultura, Regina Duarte, ainda não assumiu o cargo, Sérgio está fazendo todas as mudanças dentro da Fundação sem sua permissão. “Ele corre para fazer tudo que pode contra negros antes de ela entrar”, afirmou um servidor.
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