Capoeiristas de todo Brasil realizarão, entre os dias 24 e 27 de janeiro, em Salvador (BA), a 5º edição do encontro Rede Capoeira. O evento, que será uma homenagem a grandes mestres da arte, irá também debater o fortalecimento de políticas públicas de valorização da capoeira e da cultura popular.
Participarão do encontro os 14 mestres octogenários mais antigos em atividade, considerados pela comunidade de capoeiristas como a história viva da Capoeira, além de representantes do poder público, pesquisadores e ativistas.
O encontro deve debater temas como a aprovação da Lei dos Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres das Culturas Populares (PL1176/11). O projeto visa instituir, dentre outras medidas, a destinação de auxílio financeiro suficiente para a manutenção e o fomento das atividades culturais das quais são portadores, mediante a construção de um plano de salvaguarda em conjunto com técnicos do Ministério da Cultura e de representantes de entidades da sociedade civil.
“A ideia é que o Estado garanta um auxílio financeiro a pessoas que reconhecidamente representem a cultura brasileira tradicional, de acordo com critérios do Conselho Nacional de Política Cultural. Já em prática no Ceará e em Pernambuco, essa legislação, que chamamos de Lei dos Mestres, é uma necessidade para a salvaguarda dos guardiões e das tradições da capoeira. Orienta políticas e programas estatais de proteção e estímulo aos conhecimentos e manifestações culturais de transmissão oral no Brasil”, destacou Mestre Sabiá, idealizador e coordenador do Rede Capoeira.
O evento é o maior do país sobre o tema e deve contar com as presenças da ministra da Cultura, Margareth Menezes; do neurocientista Sidarta Ribeiro; do professor de História da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Antonio Liberac; Mônica Beltrão, pedagoga e pesquisadora; do escritor Jorge Columá, além de representantes do IPHAN /IPAC.
A Capoeira, historicamente marginalizada e perseguida, hoje está presente em mais de 150 países e é uma das maiores propagadoras da língua portuguesa mundo afora, sendo reconhecida como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2008 e, em 2014, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Serão quatro dias de programação com fóruns, palestras, atividades culturais, oficinas e a realização da etapa final dos jogos internacionais de capoeira, o Estação Paranauê. Entre os mestres homenageados estão João Grande, Acordeon, Boca Rica, Brandão, Felipe de Santo Amaro, Olavo, Pelé da Bomba, Brasília, Virgílio, Cafuné, Carcará, Curió, além dos mestres Celso e Sombra.
“Criamos uma edição especial para homenagear em vida esses mestres, que são embaixadores da nossa cultura, pelo legado deixado e caminhos abertos para a valorização e internacionalização da capoeira no mundo. Vamos honrá-los como heróis populares e o mais importante: ouvi-los. Eles são donos de saberes e vivências únicos e, apesar disso, ocupam uma posição frágil e desfavorecida na memória e cultura do país”, disse mestre Sabiá.