Novo presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial defendeu a Nova Indústria Brasil (NIB) do governo Lula que prevê ações para alavancar a reindustrialização
Ricardo Cappelli, ao tomar posse na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão vinculado ao Ministério da Indústria, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, defendeu o aumento de investimentos públicos na indústria nacional e as compras governamentais e afirmou que quem chama a política industrial de “velha” quer colocar uma “bola de ferro no pé do Brasil”.
Em discurso de posse na quinta-feira (22), Cappelli defendeu a Nova Indústria Brasil (NIB) do governo Lula que prevê ações para alavancar a reindustrialização no Brasil. Citando os governos Vargas e JK e outros momentos da história brasileira, Cappelli lembrou que não é a primeira vez que um governo enfrenta movimentos contrários à promoção de políticas industriais no Brasil. “Essa não é uma batalha fácil na história do Brasil. Ela mostra como o debate sobre o desenvolvimento do país está presente em toda a nossa história”, destacou.
“As críticas de então”, prosseguiu o novo presidente da ABDI, “são exatamente iguais às apresentadas hoje à Nova Indústria Brasil (NIB)”.
“O primeiro argumento que apresenta é sobre a questão fiscal. Sobre o impacto fiscal dos R$ 300 bilhões. Recursos que a grande maioria deles é a taxas de mercado e uma pequena parte com subsídios para a inovação. Como o mundo inteiro faz. O mundo não está botando dinheiro subsidiado na inovação. O mundo está botando dinheiro a fundo perdido na inovação. A gente está botando aqui R$ 300 bilhões, 60 bilhões de dólares. Os Estados Unidos estão botando 1,9 trilhão de dólares no processo de retomada da economia norte-americana. A União Europeia , 1,7 trilhão de dólares; o Japão, 1,5 trilhão; e o Brasil não pode botar 60 bilhões de dólares?”, questionou Cappelli.
Cappelli citou estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) de janeiro de 2024 que aponta no mundo 2.500 novas políticas industriais apenas em 2023, sendo que China, Estados Unidos e a União Europeia respondem por 48% dessas políticas, que têm impacto em 71% do comércio global.
Ele defendeu a utilização de compras públicas e conteúdo nacional como instrumento de política industrial, que são fortemente executadas por diversos países com o fim de proteger suas economias.
“Esse mesmo estudo do FMI indica que quem mais usa compras públicas como instrumento de política industrial no mundo estão justamente na América do Norte”, diss,e rebatendo as críticas à “’velha política’ que em 1973 criou a Embrapa, que fez da agricultura brasileira hoje potência mundial. É essa política que não querem que volte? É a política que em 1969 criou a Embraer e, junto com o ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica] e com o CTA [Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (CTA), fez da Embraer hoje a terceira maior empresa do setor aéreo no mundo. É isso que não pode voltar? É a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que não pode voltar? Que o presidente Lula está retomando, é isso que não pode voltar. Por que não pode voltar? Esse é um debate sobre o destino do Brasil, sobre aonde a gente quer chegar. É o debate mais importante nesse momento”, defendeu.
Cappelli também defendeu que o setor público “perca o medo de investir em inovação” e tenha “a coragem de investir na indústria nacional e apostar na inovação no Brasil”.
Marcaram presença na cerimônia de posse do novo presidente da ABDI, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, a ministra Simone Tebet, do Planejamento, o ministro José Múcio, da Defesa, a ministra Luciana Santos, da Ciência e Tecnologia e Inovação; o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, entre outros.
No governo Lula, Ricardo Cappelli foi secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele também foi nomeado pelo presidente como interventor federal na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal em janeiro de 2023 (no contexto dos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023) e exerceu, de forma interina, o cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República entre 19 de abril e 4 de maio de 2023.