Pelo Twitter, o ministro interino do GSI, além de informar o cumprimento da determinação, disse que pretende acelerar a sindicância em curso no Gabinete. Ele declarou que Lula lhe pediu a renovação do órgão como principal medida
A ofensiva contra a tentativa de os bolsonaristas tentarem reescrever o 8 de janeiro começou.
O ministro interino do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Ricardo Cappelli, afirmou, na quinta-feira (20), que encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a identificação dos servidores que aparecem em vídeo.
Cappelli substituiu o general Gonçalves Dias, que deixou o cargo após aparecer em novas imagens durante a invasão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Palácio do Planalto, em 8 de janeiro.
Por meio do Twitter, Cappelli escreveu que pretende acelerar a sindicância em curso no GSI. “Acabei de responder aos questionamentos feitos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, acerca da identificação dos servidores que aparecem nas imagens divulgadas ontem [quinta-feira (20)]”.
“Vamos acelerar a sindicância em curso no GSI”, acrescentou na mensagem.
IDENTIFICAÇÃO PELO GSI
A medida atende pedido, feito na terça-feira (20), por Moraes. O magistrado determinou que o GSI identifique em até 24 horas todos os servidores, civis ou militares, que aparecem nas imagens e defina quais as providências devem ser tomadas para cada um deles.
Além de determinar a entrega das informações, o ministro do STF determinou que, em até 48 horas, a Polícia Federal colha o depoimento do general Marco Edson Gonçalves Dias, ex-chefe do GSI.
Moraes expediu a decisão no âmbito do inquérito que investiga as autoridades ligadas aos atentados terroristas contra as sedes do Três Poderes, em 8 de janeiro.
A determinação de Moraes, publicada na noite da última quarta-feira (19), ocorreu após a CNN Brasil divulgar imagens que mostram G. Dias, como é conhecido o general, circulando sem escolta no Palácio do Planalto.
“Na data de hoje, a imprensa veiculou gravíssimas imagens que indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI”, escreveu Moraes.
IMAGENS COMPROMETEDORAS
Na última quarta-feira (19), a CNN Brasil divulgou imagens do então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Gonçalves Dias, dentro do Palácio do Planalto durante as invasões golpistas de 8 de janeiro.
A atitude de aparente permissividade em relação aos invasores que depredavam os prédios dos Três Poderes, o levou a pedir demissão. Tratou-se da primeira baixa no alto escalão do governo Lula, que assumiu em janeiro deste ano.
Além de Gonçalves Dias, militares do GSI, nomeados na gestão do governo anterior que são responsáveis pela segurança de autoridades e do Planalto, aparecem guiando os invasores para as portas de saída, em clima ameno e de permissividade.
Um militar ainda oferece água aos invasores. Ele foi identificado. Trata-se do major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira. Ele era ligado ao ex-ministro do GSI, general Augusto Heleno, e também do ex-vice-presidente da República, atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
DESPOLITIZAR E RENOVAR
Ao nomear Cappelli, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao ministro interino que despolitize e renove o GSI.
“A principal pedida do presidente foi acelerar a renovação [substituição de membros do gabinete], isso vai estar em curso na semana que vem”, disse Cappelli. “[Isso significa] despolitizar, quer dizer, ter um corpo mais técnico, mais profissional aqui que possa tocar o trabalho.”
No primeiro dia à frente da pasta, Cappelli mandou ao STF relação de 10 nomes de agentes do GSI que aparecem nos vídeos da data do ataque, após determinação do ministro Alexandre de Moraes.
Segundo o ministro interino, há agentes nessa lista que foram afastados e outros que não. A decisão sobre o destino deles será tomada “apurando e individualizando conduta”.
QUEM É RICARDO CAPPELLI
Jornalista e pós-graduado em Administração Pública pela FGV (Fundação Getúlio Vargas, Cappelli, tem longa militância política nas fileiras da esquerda brasileira. Iniciou a militância política na UJS (União da Juventude Socialista) e no PCdoB. Presidiu a UNE (União Nacional dos Estudantes), entre 1997 e 1999.
Ele iniciou no governo federal neste terceiro mandato de Lula como secretário-executivo do Ministério da Justiça. Foi interventor na segurança pública do Distrito Federal, depois dos ataques aos poderes, em 8 e janeiro.
No governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ele trabalhou como secretário Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. Após ocupar diversos cargos de confiança, Cappelli passou a integrar, em 2015, a equipe de Flávio Dino, à época governador do Maranhão.
Ele atuou na Representação do Governo do Estado do Maranhão, em Brasília. No segundo mandato de Dino como governador, Cappelli foi nomeado secretário de Comunicação do governo.
M. V.