O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) empregou Márcio da Silva Gerbatim, ex-marido da atual mulher de Fabrício Queiroz, em seu gabinete como motorista entre abril de 2008 e abril de 2010. Depois de ficar dois anos no gabinete de Carlos, Gerbatim foi transferido para o gabinete do irmão, o então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL/RJ).
O filho mais novo de Jair Bolsonaro tentou negar a informação, divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, de que Queiroz tenha tido influência em seu gabinete. Segundo ele, Márcio Gerbatim foi nomeado “face sua experiência na função de motorista e não por indicações” e que “nunca nenhum parente de Fabrício Queiroz foi nomeado neste gabinete”.
O motorista “contratado por mérito”, além de ter sido casado com a atual mulher de Queiroz, também serviu no batalhão da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército, por onde passaram o próprio Queiroz e Jair Bolsonaro. Márcio Gerbatim depois foi transferido para o gabinete de Flávio Bolsonaro, já não como motorista, mas para ocupar o cargo de assessor-adjunto do deputado. Provavelmente ele tinha uma tremenda experiência também como assessor adjunto.
Fabrício Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão em sua conta entre 2016 e 2017, durante o tempo em que ocupava o cargo de assessor de Flávio Bolsonaro.
Um levantamento feito posteriormente pelo órgão revelou que Queiroz, na verdade, movimentou um total de R$ 7 milhões. A análise dos dois anos anteriores a janeiro de 2016 mostrou que ele havia operado outros R$ 5,8 milhões. As investigações detectaram que as movimentações feitas na conta de Queiroz eram regulares e coincidiam com as datas de pagamentos dos funcionários.
O Coaf também identificou 48 depósitos suspeitos – em um único mês – na conta de Flávio Bolsonaro, realizados na agência bancária da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Todos os 48 depósitos eram do mesmo valor: R$ 2 mil, num total de R$ 96 mil.
Essa movimentação, segundo o Coaf, tem características de quem quer ocultar a origem do dinheiro. Ou seja, de quem está, na verdade, lavando dinheiro. Até agora Queiroz, Flávio Bolsonaro, e também Carlos Bolsonaro, não deram nenhuma explicação convincente para esta dança de cargos e para as estranhas movimentações financeiras.
S. C.