Ministra do STF permitiu que fiquem em silêncio em questões que o incriminem na CPMI do Golpe
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o coronel Jean Lawand, que foram flagrados planejando um golpe de Estado, deverão prestar depoimento na CPMI do Golpe, mas poderão ficar em silêncio.
O depoimento de Lawand foi marcado para esta terça-feira (27), enquanto o de Cid ainda não tem data definida.
Os dois entraram com pedidos no STF para tentar fugir da CPMI e não responder sobre os crimes que cometeram, mas a ministra Cármen Lúcia negou.
O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), informou que Mauro Cid vai depor nas condições de investigado e de testemunha, a depender do tema abordado nas perguntas. A informação foi dada pela Advocacia do Senado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Mauro Cid, que cumpria ordens do ex-presidente Bolsonaro, foi flagrado conversando sobre um golpe de Estado com aliados e mantinha em seu celular documentos que atacavam a democracia e defendiam o impedimento da posse de Lula.
“Através da Advocacia do Senado acabamos de protocolar a resposta ao pedido de informação encaminhado pelo STF no HC impetrado por Mauro Cid. Informamos que o depoente comparecerá como investigado, referente aos fatos em que exista acusação contra ele, e como testemunha nos demais”, publicou Arthur Maia em suas redes sociais.
“Apesar do envolvimento isolado de militares nos acontecimentos de 8/1, tenho certeza de que as Forças Armadas enquanto instituição cumpriram o seu papel constitucional de defender o Estado democrático de direito”, afirmou Arthur Maia.
Em mensagens, Lawand perguntou para Mauro Cid “cadê a ordem” para que as Forças Armadas ou os apoiadores de Bolsonaro dessem um golpe. Cid respondeu: “Estamos na luta”.
Mauro Cid falou que Bolsonaro não daria “a ordem” porque não confiava no Alto Comando do Exército. O coronel Lawand insistiu que “o homem [Bolsonaro] tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão para baixo está”.
O ajudante de ordens de Bolsonaro insistiu que “muita coisa [está] acontecendo… Passo a passo”.
No celular de Mauro Cid a Polícia Federal encontrou um documento que decretava Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para intervir e impedir a posse de Lula. O ajudante de ordens de Bolsonaro também manteve salvos “estudos” para o golpe de Estado.