Não passa de um pequeno balão de US$ 12, lançado por um clube de aficionados em Illinois, o ‘objeto ´voador não identificado’ abatido por um jato de quinta geração F-22 com um míssil Sidewinder de US$ 400.000 na semana passada, aventou a revista especializada Aviation Week.
Ao todo, foram três os prováveis balões de entretenimento derrubados a mísseis, no auge da histeria desencadeada por Washington a pretexto do balão meteorológico de alta altitude que acidentalmente atravessou o território norte-americano, depois de para lá desviado por fortes ventos de oeste.
Houve até um general da defesa antiaérea que “não descartou” que pudessem ser “alienígenas”, mas mais recentemente o governo Biden passou a admitir que poderiam ser apenas balões amadores ou de pesquisa com “propósito benigno”, freando a aposta na histeria.
O que mereceu de Edward Snowden, ex-agente da CIA e da NSA e denunciante do grampo m massa movido pelos EUA contra líderes e empresas concorrentes de outros países, o comentário sarcástico via Twitter:
“Por favor, diga-me que a Casa Branca não passou o mês de fevereiro levantando jatos para lançar foguetes de $ 400.000 no BALÃO de $ 12 do clube de hobby local.”
CLUBE DE BALONISMO DE ILLINOIS
De acordo com a Aviation Week, um grupo de Illinois cujo hobby é soltar balões, o NIBBB, relatou que um de seus balões havia “desaparecido em ação” – o termo irônico é da revista – ao mesmo tempo e na mesma região em que um jato militar dos EUA abateu um objeto voador não identificado.
Os clubes de ‘picobalonismo’ vêm se desenvolvendo há uma década, combinando rádio amador e balonismo de alta altitude em um único hobby relativamente acessível.
O balão do NIBBB, apelidado de “K9YO”, havia reportado sua posição pela última vez pouco antes da 1:00 da manhã GMT no sábado, 11 de fevereiro, perto da costa do sudoeste do Alasca. Mais tarde nesse dia o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau anunciou o abate de um “objeto não identificado” sobre o território canadense de Yukon – a várias centenas de quilômetros da última localização conhecida de “K9YO”.
Segundo o jornal Daily Mail, uma ferramenta de previsão popular – o HYSPLIT fornecido pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) norte-americana – mostra, de acordo com o clube de Illinois, que o balão estava indo em direção ao Yukon antes de desaparecer.
O objeto foi descrito por autoridades no Canadá e nos EUA como um balão “cilíndrico” e “metálico” carregando uma carga útil. Balões usados por amadores como o grupo de pesquisa NIBBB geralmente se encaixam na mesma descrição.
Eles geralmente são equipados com uma pequena carga útil movida a energia solar que envia dados de localização para estações no solo. Normalmente, essas cargas não são maiores que um cartão de crédito. Esses pequenos balões geralmente podem ser adquiridos por US$ 12 a US$ 180 cada, dependendo do tipo.
“NÃO VÃO PARECER INTELIGENTES”
“Tentei entrar em contato com nossos militares e o FBI para tentar esclarecê-los sobre o que muitas dessas coisas provavelmente são. E que eles não vão parecer muito inteligentes ao derrubá-los”, disse Ron Meadows, fundador da Scientific Balloon Solutions (SBS), uma empresa do Vale do Silício que fabrica os chamados picobalões personalizados para amadores, educadores e cientistas.
“Acho que provavelmente eram balões pico”, disse Tom Medlin, engenheiro aposentado da FedEx e coapresentador do programa Amateur Radio Roundtable. Medlin tem três balões pico em voo nos hemisférios norte e sul.
CIRCUNAVEGAÇÃO ACESSÍVEL
O lançamento de picobalões circunavegacionais de alta altitude surgiu apenas na última década. Meadows e seu filho Lee descobriram que era possível calcular a quantidade de gás hélio necessária para tornar um balão de látex comum com flutuabilidade neutra em altitudes acima de 43.000 pés.
Os balões carregam um rastreador de 11 gramas em uma corda, junto com HF e VHF/UHF antenas para atualizar suas posições para receptores de rádio amador em todo o mundo. A qualquer momento, várias dezenas desses balões estão no ar, com alguns circulando o globo várias vezes antes de funcionarem mal ou falharem por outros motivos.
“Espero”, disse Medlin, “que nos próximos dias, quando isso acontecer, não fiquemos muito ansiosos e comecemos a derrubar tudo”.