O Palácio do Planalto rebateu as declarações da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, acusando o atual governo pela morte de carpas no espelho d’água do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente.
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República divulgou nota, nesta quinta-feira (9), afirmando que as carpas morreram após limpeza feita por uma empresa terceirizada, que começou em 27 de dezembro – quando o presidente ainda era Jair Bolsonaro – e foi concluída em 2 de janeiro.
Segundo a Secom, a limpeza foi ordenada pelo então coordenador-geral de Administração das Residências Oficiais, Francisco de Assis Lima Castelo Branco, que determinou a retirada de toda a água do local.
“Nesse contexto, a maioria das carpas que viviam ali acabaram morrendo em função da baixa oxigenação da água e também por causa do transporte para colocação no reservatório secundário”, diz a nota.
Na quarta (8), Michelle postou mensagens em rede social afirmando que a limpeza teve início no dia 2 de janeiro, “portanto, após nossa saída do Palácio”. “Houve relatos de que, no dia 10/1, peixes começaram a morrer. Portanto, toda operação de retirada dos peixes e limpeza do espelho d’água ocorreu muito depois de nossa saída da residência”, escreveu.
Ela acrescentou, no entanto, que, antes de deixar o Alvorada, no dia 30 de dezembro, expressou o desejo de que, “se fosse possível, quando realizassem a limpeza, as moedas que repousavam no fundo do espelho d’água fossem recolhidas e, em seguida, doadas a uma instituição de caridade que cuida de mais de oitenta ‘especiais'”.
A ex-primeira-dama postou um vídeo de um representante dessa instituição agradecendo a doação e um recibo. “Dessa forma, elas proporcionariam alegria e refrigério a essas pessoas que poderiam ver atendidas algumas de suas necessidades de subsistência. A doação chegou ao seu destino no dia 8/1/2023”, disse Michelle na mensagem.
No espelho d’água onde, em 2022, viviam cerca de 70 carpas era comum que visitantes jogassem moedas, num ritual que acredita-se trazer sorte.
A nota da Secom afirma que não há informações claras sobre se houve a retirada de moedas do espelho, mas que hoje há “pouquíssimas” moedas no local e que “cabe à gestão anterior explicar o que foi feito com elas”.
Michele foi acusada por funcionários que relataram o ocorrido sob condição de anonimato.
Segundo eles relataram ao Metrópole, Francisco de Assis Castelo Branco, mais conhecido como “pastor-capeta”, indicado por Michelle para administrar o Alvorada, foi quem mandou matar as carpas para pegar as moedas “da sorte” jogadas por visitantes. De acordo com um ex-funcionário do Palácio do Alvorada a ordem da ex-primeira-dama foi que o espelho d’água fosse esvaziado para que as moedas pudessem ser recolhidas.
“As carpas que moravam no espelho d´água morreram, conta o mesmo empregado: “ele (o pastor) mandou secar o espelho d’água, matou, porque a carpa é bem sensível, as carpas morreram”, contou o funcionário, em entrevista ao site Metrópoles.
Leia a íntegra da nota:
“Nota da Secretaria de Comunicação Social sobre as carpas no espelho d’água do Palácio da Alvorada
A limpeza do espelho d’água do Palácio da Alvorada foi realizada ainda durante a gestão do governo Bolsonaro, iniciada no dia 27 de dezembro de 2022 e concluída no dia 2 de janeiro de 2023.
Francisco de Assis Lima Castelo Branco, então coordenador-geral de Administração das Residências Oficiais, deu uma ordem para a empresa terceirizada realizar o serviço.
Francisco ordenou a retirada integral da água do espelho d’água para que fosse realizada a limpeza do local e retirada de objetos.
Nesse contexto, a maioria das carpas que viviam ali acabaram morrendo em função da baixa oxigenação da água e também por causa do transporte para colocação no reservatório secundário.
Do total de carpas mortas, cinco foram enterradas entre os Palácios do Jaburu e do Alvorada, em uma área verde. Em 2022, cerca de 70 carpas viviam no espelho d’água. Atualmente, menos de dez ainda estão vivas.
Sobre a retirada de moedas, informamos que as informações não são claras, já que a antiga administração do palácio não faz mais parte da equipe de governo e a gestão atual não tem como precisar que tipo de intervenção foi feita naquela área.
Atualmente, há pouquíssimas moedas no espelho d’água do Alvorada. Cabe à gestão anterior explicar o que foi feito com elas.
Reiteramos que a atual gestão segue com o trabalho de manutenção predial do Palácio, mesmo após a mudança do presidente da República para o local.
A falta de manutenção durante a gestão Bolsonaro resultou em intensa deterioração do Alvorada.”
EMAS MORTAS
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) informou que três emas da Presidência morreram no mês de janeiro.
Duas delas viviam na Granja do Torto, a casa de campo oficial da presidência da República, onde morou o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, e a outra vivia no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente da República.
Segundo a Secom, autópsia preliminar realizada no animal que morreu no Alvorada indica “excesso de gordura visceral” como causa da morte.
De acordo com relatório técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) , durante a gestão de Jair Bolsonaro, as emas “foram alimentadas com restos de comida humana, estavam sem acompanhamento veterinário e, em sua maioria, em instalações inadequadas”.