Uma carreata bolsonarista em Porto Alegre (RS) contra as medidas de isolamento social para conter o coronavírus foi recebida por pessoas aos gritos de “assassinos”, “playboys de merda” e “fora Bolsonaro”.
No Twitter, um vídeo mostra um rapaz se aproximando dos carros e falando para dentro das janelas dos veículos: “Playboys safados”. Uma pessoa foi detida após usar uma panela para bater em um dos luxuosos carros da carreata pró-coronavírus.
Veja:
Os que participaram da carreata estavam seguindo o mau exemplo de Bolsonaro, que tem feito de tudo para sabotar o combate ao coronavírus no país.
Em discurso feito em rede nacional, ele voltou a falar que o coronavírus não passa de uma “gripezinha” ou “resfriadinho” e disse que “autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, como proibição de transporte, fechamento de comércio e confinamento em massa”.
O isolamento social é defendido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde.
As carreatas começaram a ser marcadas depois que a campanha “o Brasil não pode parar” foi lançada pelo governo e pela milícia digital bolsonarista. A Secretaria da Comunicação da Presidência (Secom) publicou imagens da campanha em suas redes sociais, usando a hashtag #oBrasilNaoPodeParar. O senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair, publicou um vídeo da campanha.
Depois que a Justiça Federal do Rio de Janeiro proibiu a circulação da campanha, a Secom apagou as postagens e negou que a campanha tenha sequer existido.
As carreatas aconteceram em vários lugares do país. As imagens do ato em Curitiba chegaram a viralizar na internet porque os carros que participavam não eram nada populares.
Em São Paulo, os carreateiros da morte foram recepcionados com panelaços nas janelas e com “Fora, Bolsonaro” e “Bolsonaro assassino”.
O governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), disse que “ir às ruas neste momento para fazer isso é uma temeridade”.
“Podem ter a certeza que ficar em casa, agora, é o mais certo a fazer. Ciência, experiência e consciência. É a lição que outros países já nos ensinaram”, afirmou.
CIENTISTAS RECOMENDAM ISOLAMENTO
Os estudos feitos pela Imperial College London, respeitada instituição científica, tecnológica e médica de Londres, que leva em conta as condições sanitárias e demográficas do país, demonstram que entre a pior e a melhor possibilidade, a diferença no número de mortos seria de 1,05 milhão de pessoas.
No melhor cenário, entre 14 possíveis cenários analisados pela instituição, com a quarentena completa, com apenas serviços essenciais funcionando, como tem defendido a OMS, morrerão 44 mil pessoas.
Em cenários de quarentena apenas para os idosos, o número de mortes variaria entre 322 mil e 530 mil, a depender da taxa de transmissão e as medidas de saúde pública.
No pior cenário, se ninguém ficar em quarentena e os testes não forem multiplicados, cada paciente contaminada terá contato com um maior número de pessoas. Nestas condições haveria até 188 milhões de contaminados (o equivalente a 88% de toda a população brasileira) e 1,1 milhão de mortos. Mais de 6,2 milhões de pessoas passariam pelos hospitais do País por causa do coronavírus.