Mercado brasileiro representa cerca de 25% do faturamento global do Carrefour, ficando atrás somente da França
Nesta segunda-feira (24), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, voltou a criticar a rede de supermercados francesa Carrefour por suspender a compra de carnes de países do Mercosul e demonstrou apoio ao boicote dos frigoríficos à rede no Brasil. Segundo o ministro, a decisão do Carrefour é fruto de um “protecionismo desproporcional” da França.
A decisão do Grupo Carrefour de parar de vender a carne sul-americana nos supermercados da rede na França, em solidariedade aos agricultores franceses que são contra o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, motivou um boicote dos frigoríficos brasileiros às lojas da rede aqui no Brasil que incluem Carrefour, Atacadão e Sam’s Club.
“O Brasil tem uma agricultura de larga escala, de volume, segurança de fornecimento. A reação é desproporcional. Tanto que todos os outros países da comunidade europeia já compreenderam a situação e são favoráveis ao acordo”, afirmou o ministro em entrevista à Globonews nesta segunda.
“Se para o povo francês o Carrefour não serve comprar carne brasileira, que o Carrefour também não compre carne brasileira para colocar nas suas gôndolas aqui no Brasil”, disse o ministro da Agricultura, que também afirmou que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia está perto de sair.
Em nota, o Carrefour Brasil confirmou que houve suspensão do fornecimento de carnes pela indústria brasileira, enquanto consumidores já relatam falta de produtos nas lojas. A empresa diz lamentar a atual situação e reafirma confiança e compromisso com o agro brasileiro. Para a varejista, a decisão de não fornecer carnes impacta os clientes e, por isso, a empresa diz estar em diálogo com os fornecedores para a retomada do abastecimento.
FATURAMENTO RECORDE
O mesmo Carrefour que rejeitou a importação das carnes brasileiras para a França, monopoliza o comércio varejista brasileiro com sua rede de supermercados e o faturamento que ultrapassa a marca de R$ 100 bilhões no país. O mercado brasileiro representa cerca de 25% do faturamento global do Carrefour, sendo o segundo maior mercado da empresa, atrás apenas da França.
Pelo oitavo ano consecutivo, o Grupo Carrefour é o maior varejista do Brasil. Sozinho, a marca cravou uma receita de R$ 115 bilhões no país em 2023. A companhia ganhou ainda mais força nos últimos anos com a aquisição do Grupo Big, e manteve a primeira posição disparada mesmo com alguns fechamentos de unidades no último ano. As informações do ranking CIELO-SBVC das 300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro, desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
A expansão é superior aos 14% do setor, registrado pelo IBGE. O faturamento bruto foi de R$ 1,046 trilhão, um crescimento de R$ 153,6 bilhões sobre o ano anterior.
O Carrefour também é a primeira empresa do varejo brasileiro na história a ultrapassar a marca dos R$ 100 bilhões em vendas. O top 5, que além do Carrefour, é composto por Assaí, Magazine Luiza, Via Varejo e Americanas, somou faturamento de R$ 285,9 bilhões, 10,95% do faturamento total do varejo ampliado.