Em mais uma tresloucada decisão o presidente dos EUA Donald Trump resolveu negar a certificação do histórico acordo nuclear firmado em 2015 com o Irã e mais seis países, apesar da quase unanimidade na comunidade internacional (com exceção de alguns dos fantoches norte-americanos como Israel e Arábia Saudita) de que o Irã tem cumprido rigorosamente a sua parte no acordo. A Agência Internacional de Energia Atômica certificou por oito vezes seguidas desde 2015 que o Irã cumpre o estipulado no acordo nuclear.
“Hoje anuncio que não podemos e não faremos esta certificação”, disse Trump nesta sexta-feira (13) na Casa Branca, descrevendo o Plano de Ação Integral Conjunto como “uma das piores transações jamais feita pelos EUA” e acusando o Irã de “cometer múltiplas violações do acordo e de não atuar em conformidade com o espírito do acordo”.
De acordo com a lei de revisão do acordo aprovada em 2015 pelo congresso americano os EUA tem de a cada 90 dias avaliar se certifica ou não, ou se mantém ou não os EUA no acordo. A não certificação não retira os EUA do acordo, mas permite uma janela de 60 dias, período em que o Congresso americano pode estabelecer novas sanções contra o Irã, forma que os EUA instituíram à revelia dos outros membros do acordo para poder fazer o que lhe der na telha contra o Irã apesar do acordo. Sanção dos EUA agora, nos próximos 60 dias, contra o Irã caracteriza violação do acordo. É o senso comum.
As acusações do desequilibrado presidente americano se contrapõem até mesmo ao que disse poucas horas antes de seu discurso na Casa Branca o secretário de Estado Rex Tillerson que afirmou à CNN que “em relação ao acordo os EUA não punham em dúvida o cumprimento técnico do acordo pelo Irã”.
Trump, para fustigar e sabotar o acordo e provocar o Irã, determinou aos membros do seu governo “a trabalhar com o congresso e os aliados dos EUA para abordar os numerosos defeitos do acordo incluindo uma insuficiente aplicação e quase total silêncio sobre os programas de mísseis do Irã”.
O presidente do Irã Hassan Rouhani disse em Teerã que “o presidente dos EUA não pode negar a certificação unilateralmente e acusar o Irã de não cumprir com o acordo de 2015.”
O presidente do parlamento iraniano, Ali Larijani declarou nesta segunda (15) que “É claro que o regime sionista de Israel e alguns países como Arábia Saudita desempenharam um importante papel na redação dos discurso de Trump e o dirigiram. A retórica agressiva de Trump busca causar comoção e evitar a cooperação econômica internacional com o Irã.”
“Se Trump nega a certificação do acordo é mais um passo dos EUA no caminho do isolamento no cenário internacional, pois o acordo foi firmado pelo Irã e mais seis países – Rússia, China, Reino Unido, França, Alemanha e EUA, e foi respaldado pelo Conselho de Segurança da ONU em uma resolução adotada por unanimidade”, apontou um analista político iraniano.
“O mundo parece ter formado um consenso sem precedentes contra a estratégia de Trump para com o acordo. Os sócios dos EUA na União Europeia assim como a China e a Rússia sublinharam sua adesão ao acordo. A ação unilateral de Trump provocaria o isolamento internacional dos EUA. Se o acordo fracassar os EUA serão os responsáveis por isso, o custo pode ser grande”, assinalou o professor de Relações Internacionais Seyed Jali da Universidade Allameh Tabatabaee do Irã ao Irã daily.
O ministério de Relações Exteriores do Irã, no mesmo dia 13, acusou os EUA de patrocinar e propagar o terrorismo na região. Segundo divulgou a agência Mehr, Bahram Qasemi, porta-voz do MINREX, afirmou que “o apoio dos EUA ao regime sionista e aos Estados opressores da região tem conduzido, por um lado, às guerras e conflitos regionais, por outro, ao surgimento do terrorismo. A insistência dos EUA em tais políticas é um erro estratégico com repercussões para a região do Oriente Médio e para o mundo. A política iraniana para a região está dirigida para apoiar a paz e a estabilidade e enfrentar os fatores de desestabilização no Oriente Médio, por tal motivo, combater os grupos terroristas como o Estado Islâmico é de suma importância para a República Islâmica do Irã, finalizou o porta-voz do MINREX.
ROSANITA CAMPOS