Caso da compra de imóveis com dinheiro vivo dos irmãos de Bolsonaro cai nas mãos de Lindôra

Procurador-geral da República, Augusto Aras, e sua vice, Lindôra Araújo. Foto: Leonardo Prado - PGR

As investigações sobre denúncias de lavagem de dinheiro na compra de imóveis pela família Bolsonaro correm o risco de não avançar.

Ocorre que uma representação contra os irmãos do presidente Jair Bolsonaro (PL), encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo, acabou nas mãos da vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.

Braço direito de Augusto Aras, procurador-geral da República, Lindôra tem se notabilizado pelo arquivamento de apurações que envolvem Jair Bolsonaro e seus aliados. 

A denúncia contra os familiares de Bolsonaro foi apresentada ao MPF pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Nela, são citados, entre irmãos e outros parentes do presidente, Renato, Denise, Vânia, Angelo e Luiz Paulo Bolsonaro e José Orestes.

Teixeira cita o caso das “rachadinhas” – prática consiste no repasse de parte do salário de funcionários, envolvendo Bolsonaro e seus filhos – lembrando haver indícios de que os imóveis da família possam ter sido comprados com dinheiro obtido de forma ilícita.

Em recente reportagem, o portal UOL apontou que, desde 1990, o chefe do Executivo, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, 51 dos quais adquiridos total ou parcialmente com dinheiro vivo.

Na quinta-feira (22), a publicação foi censurada pela Justiça a pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) – filho 01 do presidente. Mas, em seguida, o ministro André Mendonça, do STF, suspendeu a censura e liberou as reportagens.

Nenhum dos citados na representação feita pelo deputado paulista tem foro especial. No entanto, a procuradora da República em São Paulo, Ana Carolina Yoshii Kano Uemura, avaliou que a conexão dos parentes com eventuais crimes praticados pelo presidente e por seus filhos parlamentares levam a investigação à PGR.

“Já passou da hora de a Procuradoria-Geral da República deixar de atuar como órgão de defesa do presidente da República e passar a exercer as atribuições que lhe foram conferidas pela Carta Magna”, afirmou a advogada Priscila Pamela Santos, integrante do grupo Prerrogativas, que representa Paulo Teixeira na denúncia.

“É lamentável a subserviência de algumas instituições aos delírios autoritários e criminosos do Presidente, que durante todo o exercício de seu mandato tem praticado atos que reclamam sérias investigações e que, entretanto, tem sido recorrentemente arquivados”, diz ainda.

No início deste mês, Augusto Aras defendeu a atuação da PGR e reclamou do envio de representações para que a Procuradoria investigue autoridades.

De acordo com o procurador-geral da República, são dirigidos ao órgão representações fantasiosas, desprovidas de suporte probatório e de fundamentação legal.

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