O advogado de Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, teve seu celular apreendido em uma operação da Polícia Federal, realizada na noite de quarta-feira (16), na investigação sobre a venda ilegal de joias desviadas pelo ex-presidente.
Wassef foi abordado por agentes da PF em um restaurante num shopping na zona Sul de São Paulo e teve seu celular apreendido e seu carro revistado. Segundo testemunhas, o advogado não resistiu, mas pareceu surpreso.
De acordo com a CNN, quatro celulares de Frederick Wassef foram apreendidos.
O mandado de busca e apreensão dos aparelhos de Wassef estava em aberto porque a PF não encontrou o advogado na sexta-feira (11), quando seu endereço e o de outros envolvidos no caso foram revistados.
As provas levantadas pela Polícia Federal mostram que Wassef fez parte da “operação resgate” das joias que foram desviadas e vendidas nos Estados Unidos.
Na segunda-feira (14), o advogado admitiu que foi aos EUA “recomprar”, por US$ 50 mil, equivalente a R$ 250 mil, um relógio Rolex de ouro branco que Jair Bolsonaro tinha vendido ilegalmente através de seus assessores diretos.
Segundo sua versão, considerada pela PF como “fantasiosa”, os recursos usados na recompra eram próprios e lícitos, apesar de reconhecer que o dinheiro foi gasto exclusivamente para que Bolsonaro pudesse entregar o relógio ao acervo, após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Essa versão é conflitante com a primeira que foi dada por ele. Depois da primeira operação de busca e apreensão da Polícia Federal no âmbito dessa investigação, Frederick Wassef disse que desconhecia qualquer joia ou objeto de luxo citado pela corporação.
Ele só mudou seu depoimento depois que soube, através da imprensa, que a Polícia Federal obteve o recibo dessa “recompra” que o citava nominalmente.
O relógio era parte de um kit de joias que foi dado em mãos para Jair Bolsonaro pela Arábia Saudita em 2019. Por seu alto valor, os objetos de luxo tinham que ser integrados ao acervo público da Presidência.
Jair Bolsonaro preferiu pegá-los para si e levar para os Estados Unidos, dentro de um vôo presidencial, para vendê-los em lojas especializadas.
“WASSÉFALO”
As mudanças de versão de Frederick Wassef irritaram e foram consideradas “um desastre” pela família Bolsonaro, que assumiu a postura de não comentar o assunto.
Segundo o jornal O Globo, Jair Bolsonaro e seus filhos conversaram sobre o caso na noite de terça-feira e avaliam que o advogado, que não está escalado para defender o ex-presidente no caso das joias, causou um “tumulto desnecessário”
Agora, consideram que “o estrago está feito”. Nos círculos mais íntimos, estão chamando o advogado de “Wasséfalo”, informou o jornal.