
O Brasil enfrentou um crescimento nos casos de apologia ao nazismo, com um aumento de 242% nos últimos cinco anos. Entre 2020 e 2024, foram registrados 198 casos, sendo 82 apenas em 2023, o pico desse período, seguido por 2024, com 65. Especialistas alertam que grupos extremistas têm se organizado na internet e se infiltrado em diversos setores da sociedade. As informações são do portal Metrópoles.
O crime está descrito na Lei nº 7.716, que penaliza quem “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
Entre os estados, São Paulo lidera com 59 casos, seguido do Rio Grande do Sul (27), Paraná (18) e Rio de Janeiro (15). Com exceção do Paraná, todos registraram um pico de crescimento em 2023.
Embora tenha havido um recuo em 2024, com 65 registros, os números continuam alarmantes, especialmente em comparação com 2020, quando apenas 19 casos foram registrados. O ano com menos ocorrências foi 2021, com 12.
O especialista em segurança pública Berlinque Cantelmo explica que esses dados chamam atenção para o problema da deturpação de determinados conceitos que já não são mais válidos na sociedade e a tentativa de aliá-los a ideologias sociopolíticas atuais.
Ele explica que, para a segurança pública, o maior risco se dá com os grupos com essas características que trabalham na obscuridade por meio da dark web e possuem como objetivo propagar ideais nazistas.
“Isso contribui para uma grande dificuldade de rastreamento e aplicação de ferramentas de previsibilidade que proporcionem as forças de segurança pública agir tanto na prevenção quanto na repressão qualificada desses grupos que, inclusive, se valem de alto grau de violência em suas ações.”
Cantelmo cita um caso que ocorreu em 2023, quando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) prendeu sete homens afiliados à Atomwaffen Division, uma organização neonazista internacional, na Operação Accelerare.
“Cerca de 100 policiais civis participaram da ação, que visou líderes de células neonazistas no Rio Grande do Sul e no Ceará. Foram realizadas buscas em 23 endereços no Rio Grande do Sul, Curitiba, São Paulo, Araçoiaba da Serra, Ribeirão Pires e Fortaleza, resultando na apreensão de dispositivos eletrônicos, armas e parafernália nazista”.
No ano anterior, lembra o especialista, o Brasil sofreu ataques inspirados no massacre de Columbine, que ocorreu em uma escola dos EUA em 1999, e em atentados neonazistas. “Por exemplo, Gabriel Rodrigues Castiglioni, autor de dois tiroteios ocorridos em Aracruz (ES), era ativo em grupos neonazistas e, durante o ataque, usava um uniforme com símbolo nazista”.
CARNAVAL
Na tarde da última segunda-feira (3), um homem estrangeiro foi agredido durante o desfile do bloco Marimbondo Não Respeita, no Rio de Janeiro.
Testemunhas relataram que o homem possuía diversas tatuagens associadas ao nazismo, incluindo duas suásticas, a sigla da SS (Schutzstaffel), a polícia do Estado alemão sob o regime nazista, e um Sol Negro, símbolo frequentemente relacionado à ideologia nazista.
A confusão ocorreu no bloco Marimbondo Não Respeita, que desfila na Avenida Franklin Roosevelt. Foliões perceberam os símbolos tatuados no corpo do homem e reagiram com agressões. Sua identidade e nacionalidade não foram divulgadas.